A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu a investigação sobre o esquema de desvio de munições da Polícia Militar do DF para facções criminosas no Rio de Janeiro. Entre os indiciados, está um bombeiro militar do Distrito Federal, apontado como líder do bando alvo da Operação Fogo Amigo.
Conduzida pela Divisão de Repressão às Facções Criminosas (Difac) da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), a investigação teve como objetivo desarticular a organização criminosa estruturada para abastecer o Comando Vermelho com grandes quantidades de munições de fuzis calibre .762 e .556. O material era desviado de lotes pertencentes à PMDF e comprados com recursos do Fundo Constitucional.
As investigações tiveram início em 23 de fevereiro de 2018, durante a prisão em flagrante de Eduardo Vinícius Brandão de Oliveira. Ele estava com 1.030 munições de calibre .556 e 499 de calibre .762, no Rio de Janeiro. Em junho do mesmo ano, na cidade de Duque de Caxias, Willian Sebastião Pessoa acabou detido ao ser flagrado conduzindo um veículo Fiat Stilo, no qual transportava 1.500 munições de fuzil calibre .556 e .762.
No decorrer das apurações, verificou-se que Willian, Eduardo e sua companheira, Cinthia Moreira dos Santos, tinham como função transportar grandes quantidades de munições de fuzis para o morro da Penha, onde abasteciam a facção criminosa.
O resultado das investigações permitiu identificar Vicente Carlos de Oliveira Braga como responsável direto pelo repasse das munições aos transportadores, depois de obtê-las de Marcelo Rodrigues Gonçalves, primeiro-sargento do Corpo de Bombeiros do DF. Ele era servidor cedido ao Gabinete de Segurança Institucional desde 2014. De acordo com os investigadores, o militar se aproveitou da função para desviar “incontáveis munições dos mais diversos calibres para a organização criminosa”.
A operação foi deflagrada em dezembro de 2018. Na ocasião, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão e sete de prisão temporária no Distrito Federal, entre elas, a de Marcelo, e na cidade do Rio de Janeiro. Apurou-se ainda que, além das munições, o grupo criminoso promovia a comercialização de pistolas Glock G17, calibre 9mmm, com seletor de rajadas.
Após análise de todo o material apreendido e elaboração de laudos periciais, as investigações foram concluídas com o indiciamento de Marcelo Gonçalves e Vicente Carlos de Oliveira Braga, apontados como líderes da organização criminosa. Willian, Eduardo e Cinthia também foram indiciados. O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário. Se condenado, o militar pode pegar até 16 anos de prisão.
O Metrópoles entrou em contato com o Corpo de Bombeiros. O espaço está aberto para eventuais manifestações.