17/03/2020 às 17h37min - Atualizada em 17/03/2020 às 17h37min

Pastor denuncia agressão em igreja no DF: “Demônio”

Max Dowel, 50 anos, diz ter sido vítima de intolerância e violência dentro de uma igreja evangélica do Distrito Federal

MIRELE PINHEIRO
METRÓPOLES
Há 30 anos dedicando-se à vida religiosa, o pastor Max Dowel, 50 anos, diz ter sido vítima de intolerância e violência dentro de uma igreja evangélica do Distrito Federal. A denúncia, registrada na 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) nessa segunda-feira (16/03), detalha que o homem foi chamado de “demônio”, agredido e expulso de um templo religioso.

Ao 
Metrópoles, Dowel conta que, na noite do último domingo (15/03), voltava de um aniversário quando passou em frente à Igreja Voz que Clama no Deserto, em Santa Maria. Segundo o pastor, ele pensou que se tratava de uma vigília e sentou na última fileira para ouvir a palavra que estava sendo ministrada. Missionário no Oriente Médio e com descendência judia, Max vestia uma túnica.

“Acredito que a roupa tenha chamado atenção. Quando entrei, a pastora começou a jogar indiretas dizendo que o diabo tinha chegado no lugar. Sabia que era comigo, mas fiquei calado. Depois, ela falou que o mal tinha que ser expulso debaixo do sangue de Jesus e fez um gesto para as obreiras”, detalhou.

 

Ainda de acordo com o pastor, pelo menos 10 pessoas pegaram garrafas, supostamente com vinho, baldes com outro tipo de líquido e passaram a despejar nas paredes da igreja. Em um determinado momento, os participantes do culto o seguraram e começaram a jogar vinho nele.

“Me colocaram para fora a tapas. Levantei as mãos e disse que aquilo não era necessário. Não entendi o motivo de tanta agressividade. Nunca passei por isso na vida. Nunca fui tão humilhado. Tripudiaram a minha honra”, destacou Dowel.

A esposa do religioso chegou ao local, começou a filmar e também foi alvo de agressões. “Chamaram de macaca preta, demônio e macumbeira. Só porque a minha mulher é negra. Nos tornamos vítimas justamente de tudo 0 que combatemos, intolerância, violência, racismo, injúria, preconceito”, completou Dowel.

Polícia Militar foi acionada. O religioso disse que a pastora “amaldiçoou os policiais” e se recusou a ir para a delegacia.

O caso segue em investigação pela Polícia Civil. Uma denúncia também foi registrada no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Max Dowel mora em São Paulo e chegou a Brasília há uma semana para participar de eventos religiosos. A reportagem não conseguiu contato com os representantes da Igreja Voz que Clama no Deserto. O espaço segue aberto para manifestação


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