Um homem de 26 anos foi preso na rodoviária de Campo Grande (MS), na última quarta-feira (5), suspeito de tentar vender o filho por meio de um anúncio na internet. Segundo o delegado responsável pelo caso, Mário Donizete Queiroz, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depaca), o locutor é suspeito de negociar e prometer a venda do filho de apenas quatro meses a outra pessoa mediante recompensa de R$3 mil.
“Não foi uma tentativa de venda explícita. Ele não usa o termo venda, mas fala em entregar o filho a troco de uma ajuda e chega a pedir R$ 3 mil”, afirmou o delegado. Ao G1, ele disse que o homem anunciou a criança em um site específico de adoção em julho de 2015, quando a companheira ainda estava grávida.
Após ver o anúncio, uma mulher do interior de São Paulo mandou uma mensagem interessada no dia 26 de julho de 2015. O recado, porém, só foi respondido no último dia 3 de outubro, quando começaram a negociação sobre a criança. A polícia apreendeu as conversas, que constam no inquérito sobre o caso.
Na rodoviária estava o homem com o bebê e a esposa, de 22 anos. Eles tentavam conseguir passagens para São Paulo com assistência social da prefeitura, que desconfiou do comportamento da mãe, que chorava muito durante a entrevista.
Segundo Donizete, o pai confessou a venda do filho e se disse arrependido, mas o delegado acredita que a família tenha descoberto o caso e pressionado o casal a desistir da negociação.
“Estou convencido da inocência da mãe do bebê. Me parece que até então ela não sabia desses acontecimentos e só ficou sabendo depois que a família descobriu e também estou convencido de que a desistência da venda por parte do pai do bebê foi motivada por fatores externos. A possível compradora fez contato com a irmã do preso perguntando se a família estava sabendo da negociação e a família nada sabia”, informou Donizete ao G1.
De acordo com o delegado, o caso chama a atenção. “É mais um que impressiona até a gente. Ainda bem que não aconteceu [a venda]. Não sabíamos o destino que seria dado a essa criança e como o pai explicaria o sumiço dela. Mas, no momento, a criança e a mãe encontram-se abrigadas e protegidas”, informou.
O pai ainda está preso e aguarda audiência, que vai definir se ele continua ou não na prisão em flagrante. A fiança arbitrada foi de um salário mínimo, mas como o preso alegou não ter condições financeiras, ela foi reduzida a R$ 200. O homem foi indiciado e responderá pelo crime de prometer ou entregar o pupilo a terceiro mediante recompensa. Este crime prevê ena de 1 a 4 anos de reclusão.
A interessada na criança também está sendo investigada, segundo o delegado, e pode responder por dar parto de terceiro como seu. Segundo o que ela informou à polícia, ela estava querendo especular o anúncio para denunciar o fato à polícia.
“Quem está comprando essa criança pode estar cometendo crime de registrar filho de outro como seu e dar parto de outra pessoa, que é um crime contra o estado de filiação”, ressaltou Donizete.