Por ser um micro-organismo muito novo, o coronavírus segue intrigando os cientistas. Um dos pontos mais enigmáticos sobre a infecção, que pode atingir qualquer pessoa, é que, enquanto muitos pacientes morrem por conta da Covid-19, outros nem sabem que tiveram a doença. Segundo alguns estudos, a quantidade de assintomáticos, ou seja, sem sintomas, pode variar entre 30% e 40% das pessoas que testam positivo. E, apesar de não sentirem nada, essas pessoas podem, sim, transmitir o vírus – quando falamos, por exemplo, as microgotículas com o coronavírus são expelidas.
“Em algumas pessoas, mesmo tendo contato com o vírus pela primeira vez, o organismo consegue controlar a evolução da infecção. Nesses casos, os sintomas são inexistentes ou muito leves”, explica Luciano Lourenço, clínico geral, coordenador do Pronto-Socorro do Hospital Santa Lúcia. Pacientes com poucos sinais da doença, mas que ainda os apresentam, costumam perder o paladar e olfato por alguns dias, por exemplo.
Segundo Luciano, a quantidade de vírus com a qual o paciente tem contato e a maneira como foi contaminado fazem toda a diferença no desenvolvimento de sintomas. Se, de pronto, já se tem uma carga viral muito alta (como nos casos de contato com pacientes confirmados), a pessoa tem mais chances de apresentar sinais da doença e evoluir para um quadro grave.
“A quantidade tem uma influência direta na repercussão dessa infecção. Se é menos vírus, a evolução tende a ser suave”, afirma o médico. Como em um cenário de batalha, se o exército do inimigo é maior do que o de quem se defende, a guerra fica um pouco mais complicada para os donos da casa. Caso contrário, a vitória é mais fácil.
Porém, há exceções: algumas pessoas, mesmo expostas a pequenas cargas virais, podem ter a forma mais grave da doença, e vice-versa. Mas a maioria delas, seja sintomática ou não, deve desenvolver anticorpos que evitem a reinfecção – os pesquisadores só não sabem ainda quanto tempo exatamente eles duram no organismo.
A única maneira de saber, com certeza, se houve infecção, é através do exame sorológico. Nele, é recolhida uma amostra de sangue e o teste procura as imunoglobulinas (anticorpos) IgG, que são os segundos na linha de batalha contra um invasor e são, a princípio, permanentes.