06/05/2020 às 19h46min - Atualizada em 06/05/2020 às 19h46min

Prefeito de Alagoinhas nomeia mulher para cargo com salário de R$ 12,5 mil..

UOL

Aurelio Nunes

Colaboração para o UOL, em Salvador

05/05/2020 07h58

O prefeito de Alagoinhas, Joaquim Neto (PSD), nomeou a própria mulher, Carla Reis, para assumir a secretaria de comunicação da cidade baiana, com o salário de R$ 12,5 mil mensal. A medida ocorre 18 dias após o mandatário divulgar que reduziu em 25% de seus vencimentos (equivalente a R$ 5,5 mil) alegando que contribuiria para a contenção de gastos do Executivo municipal frente à crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Joaquim Neto negou tratar-se de uma medida compensatória. "Sob essa ótica vai até parecer que eu fiz isso pensando nisso, quando na verdade o intuito foi preencher uma vaga que estava interinamente ocupada por um secretário que acumulava outra pasta", justifica.

Na comunicação, Carla Reis irá assumir o lugar de Gustavo Carmo, que passa a dedicar-se exclusivamente à secretaria de Governo após nove meses exercendo dupla função. O mesmo caso se aplica a Maria das Graças Reis que deixa o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) aos cuidados de Francisco Alves de Brito para ficar apenas como titular da secretária de Infraestrutura (SECIN), função que vinha exercendo interinamente. Ambas as mudanças do secretariado de Alagoinhas foram publicadas na edição de ontem do Diário oficial do Município. A própria primeira-dama usou suas redes sociais para divulgar a medida. 

"As mudanças no curso da gestão pública são fatos naturais que ocorrem para garantir maior integração em toda cadeia de desenvolvimento e maior bemestar de toda população, desta forma, no intuito de contribuir arduamente para esse otimização, toda a equipe SECOM estaremos prontos a (sic) servir a população!", escreveu Carla Reis. Ao UOL, o prefeito rebateu críticas sobre a nomeação, já que a nova secretária de comunicação é formada em contabilidade. "Sou prefeito pela quarta vez, e sempre que chega perto das eleições os adversários preferem enxergar situações deste tipo de uma forma diferente. Não fiz nada ilegal, isso é respaldado pela lei: minha mulher tem a capacidade para assumir o cargo, ela tem nível superior, é formada em contabilidade e gestão. Além do mais, ela não vai fazer nada sozinha, contará com o suporte de uma agência contratada pela prefeitura", ponderou Neto. O prefeito responsabilizou a imprensa local por parte dos problemas de descontinuidade da gestão da comunicação de seu governo. "Nós abrimos para que os profissionais da área indicassem três nomes para a pasta, mas não recebemos uma única indicação, apenas vetos", disse.

Joaquim Neto destacou ainda que já havia dotação orçamentária para o preenchimento da vaga, embora reconheça que está cada vez mais difícil cumprir com a previsão do orçamento diante do atual quadro. Ele explica as medidas tomadas para fazer frente a uma queda de 25% na arrecadação do mês de março e previsão de de uma retração de até 40% em abril vão além da redução salarial dele e do próprio secretariado. "Cancelamos a festa de São João, que consome em torno de R$ 2 milhões, e revertemos esse valor para a saúde e a segurança alimentar. Estamos aguardando uma compensação do governo federal", disse. Com 151 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE de 2019, Alagoinhas é o 12º município da Bahia mais populoso. Cidade-pólo para 33 municípios do nordeste baiano, a cidade vive dois cenários bem distintos do ponto de vista econômico: enquanto suas indústrias de água mineral, refrigerantes e cervejarias anunciam a contratação de funcionários para atender a crescente demanda, o comércio experimenta uma forte retração nas vendas em função das restrições impostas ao funcionamento das lojas. Médico reumatologista por formação, Neto decretou o uso da máscara obrigatório e estabeleceu rondas da guarda civil para dissipar qualquer tipo de aglomeração. "Temos apenas oito casos de coronavírus registrados em Alagoinhas, todos curados. O transporte intermunicipal está suspenso e os carros com pessoas que chegam sem comprovar que moram ou trabalham na cidade são obrigados a voltar porque entendemos que esse entra e sai poderia trazer mais contaminados para a cidade", declarou. 
 


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