Durante a noite, no entanto, afirmou que buscaria outro caminho. “Vamos chegar a um acordo com Goiás”. A apreensão do emedebista tem embasamento nos números: de acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF, cerca de 20% dos atendimentos são de moradores de municípios vizinhos a Brasília.
Dos 3.416 infectados no DF até a noite dessa quinta-feira (14/05), 194 deram endereço de Goiás. Desses, 22 encontram-se internados
Nos casos de internação, em 2019, de um total de 221.339 pacientes, 45 mil eram de fora do DF, sendo 19,7% da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride). No mesmo ano, quase metade dos atendimentos nos hospitais regionais do Gama e de Santa Maria era de moradores do estado de Goiás, em especial de Luziânia, Valparaíso e Novo Gama.
Reginaldo Rodrigues, 43 anos, de Valparaíso (GO), é um dos que costumam recorrer aos serviços hospitalares de Brasília. “Por aqui a gente consegue atendimento de clínica geral, mas quando é especialista precisa ir para o Gama ou Santa Maria”, disse.
Outro fato que contribui para o uso da rede pública da capital, segundo ele, é a rotina de quem reside na região. “A maioria das pessoas trabalha no DF e acaba indo ao hospital mais perto do emprego”.
Durante a tarde desta quinta-feira, no Hospital de Base, localizado no centro de Brasília, o irmão de uma paciente moradora de Formosa (GO) explicou que a distância incomoda, mas que não há outra alternativa. “Ela tem problema no coração e lá [em Formosa] não tem recurso algum”, contou ele, que preferiu não se identificar.
Após a repercussão de declarar a possibilidade de editar um decreto com a proibição desse tipo de atendimento na capital, o governador Ibaneis Rocha declarou à Coluna Grande Angular do Metrópoles: “A minha intenção sempre foi a de fazer valer, entre o Distrito Federal e as cidades do Entorno, um termo de cooperação. Nós estamos dispostos a atender os pacientes, desde que nos termos previstos para que o DF receba os valores referentes a estes tratamentos. O que não dá é para a gente tratar aqui e Goiás receber os valores do SUS por lá. Se houver termo de cooperação, haverá atendimento”, disse Ibaneis à coluna.
Ao longo do dia, os secretários de Saúde do DF, Francisco de Araújo; e de Goiás, Ismael Alexandrino, conversaram e acertaram os termos que devem constar no acordo de cooperação a ser celebrado entre as duas unidades federativas.
“Não tenho raiva do governador Ronaldo Caiado [DEM], não tenho raiva do secretário de Saúde Ismael e muito menos da população de Goiás. O que eu tenho é a população do DF que depende da nossa eficiência e do senso de prioridade para ter saúde pública à disposição”, destacou Ibaneis.
Entre as iniciativas que serão estabelecidas na cooperação entre DF e Goiás está a criação de um programa de testagem em massa e o atendimento ordenado de pacientes oriundos do Entorno.