Em tempos de pandemia mundial do novo coronavírus, o trabalho de muitos profissionais faz a diferença para manter as equipes que atuam na linha de frente dos atendimentos em equilíbrio.
No pronto-socorro do Hospital Regional do Gama (HRG), o médico emergencista Leonardo Coelho tem feito a diferença. Ele está trabalhando ativamente, desde o início da pandemia, na formulação do plano de contingência do HRG, elaboração de fluxogramas e ministrando algumas aulas para os colegas sobre o manejo clínico no paciente crítico acometido pela Covid-19.
“Trabalho na emergência e lá aprendemos a lidar com o improvável, com a correria, com a vida e com a morte, mas não gostamos de lidar com o que não sabemos”, relata. Por conta disso, no mês passado, ele utilizou as férias da residência médica na área de ginecologia e obstetrícia, para se aprofundar no assunto coronavírus.
“Fiz uma intensa revisão bibliográfica para tentar resumir e transformar isso em coisas práticas para os meus colegas e para o serviço, melhorando o máximo a qualidade de atendimento para os nossos pacientes, dentro das nossas limitações”, informa.
Questionado sobre como se sente trabalhando em meio a uma pandemia mundial na linha de frente dos atendimentos, o profissional foi categórico: “Sinto-me útil. Estou fazendo o que sempre quis fazer desde quando optei por estudar medicina: salvar vidas. Nunca imaginei que passaria por algo parecido, mas me sinto orgulhoso da profissão que escolhi e espero contribuir o máximo que eu puder”.
O médico relata que o trabalho na emergência costuma ser intenso. Porém, nos últimos meses, essa intensidade veio misturada com um pouco de insegurança por conta do desconhecido.
“O medo muito se explica por conta do desconhecimento e do receio de contrair a Covid-19 e passar aos familiares e entes queridos. Quanto mais a gente sabe sobre a doença, a tendência é que nos sintamos mais seguros no manejo e na prevenção”, observa.
Trabalho em equipe
Segundo Leonardo, o médico tem um papel fundamental na assistência ao paciente. No entanto, o trabalho com diversos profissionais é fundamental, principalmente no cuidado com os pacientes mais graves de Covid-19.
“Eu acredito demais no trabalho multiprofissional e não tinha porque pensar diferente nesse momento. Nos pacientes mais graves de Covid-19, os fisioterapeutas têm papel essencial. Além disso, toda a equipe de enfermagem, no cuidado próximo e diário com o paciente. A equipe de nutrição e reabilitação, que envolve a fonoaudiologia e a terapia ocupacional, também é de suma importância na integralidade do tratamento”, destaca.
Proatividade
O médico emergencista relata que sempre teve, desde a escola, um perfil mais proativo com relação a algumas coisas. E com a pandemia ficou clara a necessidade de mudanças no setor em que ele trabalha, o que o motivou ainda mais a trabalhar para transformar o cenário atual.
“Gosto de tentar inspirar as pessoas a tentar mudar o status do local quando acredito que mudanças são possíveis. Então, acho que a principal obrigação da nossa classe médica é estar o mais preparado possível nesse momento, não só para o atendimento, mas para elucidação de dúvidas e combate a informações falsas”, conclui.
Leonardo tem 30 anos, formou-se em 2016 pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Atualmente, está se especializando na área de ginecologia e obstetrícia e faz sua residência médica no Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib).