Brasileiros saíram às ruas neste domingo (7) em São Paulo e Brasília em manifestações a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro, em meio a críticas à sua gestão da pandemia de COVID-19.
Em São Paulo, milhares de pessoas se reuniram no Largo da Batata, um tradicional ponto de encontro no bairro nobre de Pinheiros.
Cartazes em defesa da democracia, contra o racismo e críticas a Bolsonaro predominaram entre os manifestantes, a maioria jovens.
Gabriela Vitória, 18 anos, nunca havia participado de um protesto, mas disse que decidiu ir porque “Bolsonaro é contra tudo. Ele não se importa com negros, gays, mulheres, ele só pensa nos ricos. Nós estamos em uma pandemia e ele quer abrir tudo sem observar bons exemplos de outros países”, afirmou Vitória.
Muitos dos manifestantes usavam roupas pretas e máscaras. “Estamos muito preocupados que não tenham sido tomadas medidas para amparar as comunidades da periferia que mais enfrentam dificuldades em manter a quarentena”, disse Yussara Baso, porta-voz do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que convocou o ato.
Na Avenida Paulista, a cerca de 6 km, menos de cinquenta pessoas se reuniram com bandeiras brasileiras para expressar apoio a Bolsonaro e defender o fim do confinamento.
“A doença existe, mas não é o que está sendo divulgado. É hora de abrir o comércio”, disse uma manifestante que se recusou a dar seu nome e que carregava uma enorme bandeira brasileira nos ombros. “Este é o nosso sangue”, disse ela, tocando a bandeira.
As autoridades regionais pediram a manutenção dos atos separados para evitar confrontos.
Na semana passada, a polícia dispersou com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral uma manifestação de torcedores dos rivais Corinthians e Palmeiras “contra o fascismo” na avenida Paulista, depois de confrontos com apoiadores de Bolsonaro que se aproximaram do local.
Centenas de pessoas caminharam pela manhã na Esplanadas dos Ministérios em Brasília para se expressar contra o presidente de ultradireita. “Todos pela democracia”, “Contra o racismo e o fascismo” e “O terrorismo é a política de extermínio do governo”, diziam alguns dos cartazes exibidos.
“Recua fascista, recua, é o poder popular que está na rua”, cantavam os manifestantes.
Um grupo menor, a favor de Bolsonaro, também se concentrou no coração do poder político. Os seguidores do líder que minimiza a COVID-19 costumam se reunir nos finais de semana, com a presença de Bolsonaro, em frente às sedes dos poderes públicos pedindo o fim do confinamento, “intervenção militar com Bolsonaro” e atacando representantes do Congresso e da Suprema Corte.
O Brasil enfrenta uma grave tensão política, enquanto registra mais de 600.000 casos e 35.000 mortes por COVID-19.
Bolsonaro ataca governadores, prefeitos e outras autoridades pela determinação de quarentenas e defende a publicação parcial de números da doença, que ele classificou como “gripezinha”, impedindo o amplo acesso a dados da pandemia.
Apesar dos números crescentes, várias cidades começaram a relaxar as medidas de contenção nesta semana.