O ex-deputado Alberto Fraga, coronel da PM de Brasília, não será ministro da Segurança Pública. Muito menos o delegado da Polícia Federal Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. O desmembramento da área da Justiça, como desejava a Bancada da Bala, não vai acontecer. Simples assim.
O anúncio foi feito pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, André Mendonça. Segundo ele, não há perspectiva dentro do governo de criação de uma pasta exclusiva da segurança pública. Hoje não há nada que vislumbre isso. Se acontecer, disse, será num futuro longínquo.
O desmembramento chegou a ser cogitado no final de maio, quando Torres surgiu como o nome já escolhido para o cargo. Logo depois, porém, o Grupo Parlamentar de Segurança Pública esteve com o presidente Jair Bolsonaro, reivindicando o posto para Fraga. A garantia da indicação de Fraga foi dada como certa, a ponto de o coronel mandar fazer o terno para a posse.
Mas, segundo André Mendonça, nada disso vai acontecer. “Não há uma MP na mesa do governo sobre divisão de ministério. Entendo que seja um debate viável, que devemos estudar o assunto, mas não existe hoje no governo minuta de MP sobre divisão de ministério. Podemos avançar para isso? Sim, mas hoje não há essa perspectiva”, disse o ministro após uma reunião o Palácio do Planalto.
Antes, André Mendonça esteve reunido com o presidente do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública, Cristiano Barbosa. Questionado sobre o tema, o próprio secretário admitiu que, na gestão do ex-ministro Sérgio Moro, essa era uma demanda dos secretários de Segurança Pública dos estados. Porém, avaliou, com o cenário atual, isso mudou. “Ao menos o problema da interlocução a gente já vê superado neste primeiro mês. Com o ministro André a conversa tem sido mais frequente”, enfatizou.
Cristiano Barbosa disse ainda que a visão atual do Colégio dos Secretários de Segurança é que a criação de uma pasta específica sobre o tema é importante, mas não é fundamental. Os secretários querem diálogo com o ministro responsável pela área, esteja ela em um ministério próprio ou dentro do Ministério da Justiça. “O diálogo é o mais importante”, destacou.
Na mesma conversa, André Mendonça aproveitou para defender a autonomia da Polícia Federal. Ele disse que a PF atua sem interferência política. “Ela atua e deve sempre atuar com absoluta independência. As operações ocorrem sem qualquer atuação ou interferência de agentes políticos e é nesse sentido que ela deve continuar atuando”, garantiu.