15/06/2020 às 12h45min - Atualizada em 15/06/2020 às 12h45min

Irritado, Bolsonaro ameaça acabar com “cercadinho” na porta do Alvorada

O presidente tem se mostrado impaciente diante de pedidos pessoais: "Não sou funcionário para achar agenda para todo mundo"

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se irritou com apoiadores que o aguardavam, como de costume, na porta do Palácio da Alvorada, nesta segunda-feira (15/06), e ameaçou acabar com as conversas no chamado “cercadinho”, hábito que ele mesmo criou ao encontrar cotidianamente com apoiadores antes de sair para as agendas. “Olha, eu vou acabar não parando mais aqui. Me desculpem”, disse o presidente a um apoiador que demandava por ações do Ministério da Saúde.
 

“Eu não posso ser um agenciador de agenda. Eu não sou funcionário para achar agenda para todo mundo”, repetiu Bolsonaro diante das pessoas que buscavam soluções para problemas em suas cidades.

Há duas semanas, após parte da imprensa ter abandonado a cobertura dos portões do Alvorada, devido a ataques que vinha sofrendo dos apoiadores, o presidente passou a convidar as pessoas para o encontro matinal na parte de dentro do jardim da residência oficial.
 

Longe dos microfones de jornalistas, o clima tem ficado tenso e o presidente não tem disfarçado a irritação diante de pedidos pessoais e, com frequência, apressa as pessoas para que sejam breves em seus comentários.

“O mais rápido possível, tenho uma agenda cheia”, disse o presidente a uma apoiadora que pedia sua atenção para obras do governo federal em Riacho Fundo, região administrativa de Brasília.

“Minha senhora, se eu for tratar assunto individualmente do Brasil todo eu vou ser prefeito e não presidente da República”, retrucou o presidente enquanto ela falava.

“Tem que tratar com ele (Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional). Olha, são milhares de projetos do Marinho. Se eu chegar aqui e pedir um projeto, eu vou ter três quatro agendas de pedidos para o Marinho e não está certo agir dessa maneira. Por favor, a senhora o procure”, disse o presidente diante da concordância da mulher. “Eu entendo, eu entendo”, repetia ela, enquanto Bolsonaro se esquivava para ouvir outra pessoa.

Irritação

O presidente ainda se irritou com uma apoiadora de Roraima que disse que o estado estava precisando de ajuda do governo federal. “Já ajudamos com dinheiro, mandamos recursos para todos os estados e Roraima foi também. Agora, não sei o porquê, estão transferindo o pessoal doente de Boa Vista para Manaus”, retrucou.

Outra apoiadora reclamou que veio de São Paulo para ver o presidente e no domingo foi “impedida de tudo”. “Até a igreja estava fechada”, disse a mulher, que passou a repetir ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF). “É um absurdo a gente como brasileira ter que passar por isso. Essa pouca vergonha do STF. É inconstitucional proibir a gente de hastear um bandeira”, disse.

“Foram 30 anos de destruição deste país. Alguém quer que eu resolva em um ano?”, respondeu o presidente.

Outro apoiador pediu uma agenda para entregar um estudo sobre uma reserva extrativista. “Pode entregar para qualquer um aqui, chefe. Tem que passar em revista o material, porque eu não sei, tem um pó, tem alguma coisa lá dentro. Então eu não posso receber nada de ninguém”, disse o presidente, referindo-se a risco de envenenamento.


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