16/06/2020 às 06h45min - Atualizada em 16/06/2020 às 06h45min

Prisão de Sara e fritura de Weintraub refletem momento ruim do olavismo

O que será feito?”, questionaram bolsonaristas da ala ideológica ao presidente após a prisão de Sara Winter, líder de acampamento político de apoio a ele. De Jair Bolsonaro e de outras autoridades do governo, porém, por enquanto só há um silêncio que evidencia o momento de baixa do chamado olavismo depois de uma série de eventos polêmicos.
 

Além da campanha #SaraLivre, os seguidores do professor on-line de filosofia e guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho também estão dividindo sua energia defendendo um de seus feudos de poder restantes no governo: o Ministério da Educação e Abraham Weintraub, que o presidente acabou chamando de “problema“.

 

Presidente @jairbolsonaro, apoiá-lo é crime agora. E o @STF_oficial que soltou estupradores e narcotraficantes, devem ter desistido da pandemia. A Corte começa prendendo seus apoiadores, seus ministros, mas terminará prendendo o senhor. O QUE SERÁ FEITO?

 

A influência olavista no governo varia numa espécie de pêndulo. Só em 2020, eles já passaram por um momento de ostracismo quando foram eclipsados pelos ministros militares e deram a volta por cima ao ajudar na fritura e derrubada dos ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, da Saúde, e da ex-secretária de Cultura Regina Duarte.

Cada balançar desse pêndulo, no entanto, deixa cicatrizes, e fontes ligadas ao governo, inclusive ao olavismo, acreditam que é forte a possibilidade de que, desta vez, o grupo perca o comando da Educação. As duas indicações que Carvalho fez para a pasta, Vélez Rodrigues, que ficou até abril de 2019, e Weintraub, que entrou em seguida, não deram certo segundo a avaliação interna.

Em tempos de negociação com o Centrão, cresce a chance de o cargo acabar nas mãos de uma indicação que seja vendida como técnica, mas aprovada pelos partidos que formam a base de apoio do presidente.

Weintraub faz defesa ativa
Criticado por Bolsonaro por ter ido a uma manifestação no domingo (14/06) na Esplanada dos Ministérios, Weintraub está em campanha aberta pela própria manutenção no cargo, comentando e curtindo postagens que criticam sua possível saída.

“Quem quer a saída do ministro Weintraub é a esquerda. Quem quer que ele fique é a direita apoiadora do presidente”, diz uma postagem curtida pelo ministro na segunda.

Outra postagem curtida por Weintraub é mais agressiva, acusando o Supremo Tribunal Federal (STF) de estar pressionando pela demissão do ministro. “O STF está governando?”, diz o post curtido pelo ministro da Educação, que está envolvido em um processo justamente por criticar os ministros da Corte, a quem chamou de vagabundos. Veja:

REPRODUÇÃO/TWITTER
Postagem curtida por Weintraub

Postagem curtida por Weintraub

Postagem curtida por Abraham Weintraub questiona se o STF está governando

Weintraub também curtiu a postagem abaixo, do editor do site bolsonarista Terça Livre Allan dos Santos, que credita aos militares do governo e ao Centrão as pressões pela demissão.

 

Abraham Weintraub não foi retirado do governo, como desejam alguns coturnos e membros do centrão.

 

A ala militar, que agora divide influência no governo com os olavistas e com o Centrão, também foi alvo do articulista do jornal Brasil sem Medo, que tem Olavo de Carvalho entre seus editores.

O governo está em silêncio desde que a PM do DF desmontou o acampamento de Sara, dando início à série de protestos que tiveram como ponto crítico o ataque ao prédio do STF com fogos de artifício. Para os olavistas, Bolsonaro está na defensiva por influência dos militares.