Um deles, o jornalista Oswaldo Eustáquio, foi preso na sexta (26/06) no Mato Grosso do Sul com a Polícia Federal apontando risco de fuga. Ele vive na capital federal e estava em um estado com fronteira internacional com o Paraguai.
Antes, Sara Winter e outros cinco membros dos 300 do Brasil passaram uma temporada na cadeia sem receber nenhuma palavra de apoio público do presidente Bolsonaro, que iniciou uma política de aproximação dos demais poderes, o que o obriga a não dar atenção justamente aos militantes usados para atacá-los.
Quem saiu em defesa desses seguidores bolsonaristas foi seu grande inspirador, o guru Olavo de Carvalho, que seguidamente cobrou Bolsonaro e parlamentares que o apoiam a visitar Sara Winter na prisão, mas foi ignorado.
Num momento de desabafo, Carvalho divulgou em seu perfil do Facebook um vídeo que simboliza bem o momento de desânimo dos influencers:
No vídeo, o youtuber Alberto Silva, também conhecido como Beto Louco, que foi visitado pelos policiais federais no dia 16 de junho, relata o isolamento que tem sofrido desde então.
“Depois da busca e apreensão, sabem quantos políticos me ligaram? Nenhum!”, reclama ele. “É minha maior decepção. Eu ia a Brasília semana que vem conversar com deputados e senadores que se dizem de direita, que se dizem ao lado de Bolsonaro, mas a maioria nem resposta dá”, conta ainda.
“Outros falam, não dou entrevista, depois tão na CNN, na Globo”, afirma o youtuber, que tem certeza de que ficou tóxico aos aliados após virar alvo do inquérito no STF.
Veja um trecho do desabafo dele:
Beto Louco já foi acusado em reportagem da Folha de S.Paulo de 2017 de operar uma teia de sites de fake news que especialistas estimaram lucrar de R$ 100 mil a R$ 150 mil por mês. Ele diz que a notícia é falsa.
Em outras postagens no fim desta semana, Olavo de Carvalho voltou ao assunto várias vezes. “Não conseguindo derrubar o Bolsonaro, os filhos da puta se vingam nos amigos mais indefesos do presidente”, disse em um dos posts.
O olavismo vive seu pior momento de influência no governo, simbolizado também pela perda do comando do Ministério da Educação, que foi para as mãos de Carlos Decotelli, que pode ser enquadrado como representante da ala militar da Esplanada e assumiu dizendo que vai fazer gestão, não luta ideológica, num recado direto a Carvalho.
“Essa ridícula afetação de neutralidade ideológica é uma ideologia, e seu nome é positivismo, a fórmula ideológica que domina a mente das nossas Forças Armadas desde as origens do movimento republicano”, analisou o guru. “O mesmo neutralismo que se pavoneia de ‘técnico’ orientou o governo militar por duas décadas, tendo como único resultado a entrega final do sistema educacional brasileiro ao domínio dos comunistas.”
Para Olavo de Carvalho, com a troca de Abraham Weintraub, que é seu discípulo, por Decotelli, essa história se repete. “E os tecnocratas militares nem percebem o quanto é significativo o aplauso que lhes vem da mídia esquerdista pela vitória da mentalidade tecnoburocrática contra a chamada ala ideológica”, lamenta ele, por fim.
O momento de desânimo é assumido até por olavistas que fazem parte do governo, como o assessor de Bolsonaro Filipe Martins, que tem se esforçado, porém, para manter acesa a chama da militância.