15/07/2020 às 08h38min - Atualizada em 15/07/2020 às 08h38min

Pandemia: pico, ações e colaboração da população

Esclarecimentos foram dados durante coletiva de imprensa virtual transmitida pelas redes oficiais do Governo do Distrito Federal

Quatro meses após o primeiro caso de paciente diagnosticado com a Covid-19 no Distrito Federal, o cenário é o seguinte: 73.120 casos foram confirmados e quase 80% estão recuperados, mas 958 pessoas perderam a batalha contra o vírus. Medidas de prevenção, isolamento, testagem, ampliação do número de leitos, hospitais de campanha. O GDF acompanha situação a cada minuto e enfrenta a pandemia diretamente. 
Nesta terça-feira (14), o secretário de Saúde, Francisco Araújo, o subsecretário de Vigilância à Saúde, Eduardo Hage, o presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Jean Lima, e o subsecretário de Inovação da Casa Civil, Paulo Medeiro, fizeram balanço das ações em coletiva de imprensa virtual. 
A transmissão de quase uma hora aconteceu pelas redes oficiais do Executivo local, diretamente do Centro de Coordenação das Operações do Comitê de Crise da Covid-19 no Distrito Federal (CCOP), no Palácio do Buriti. A íntegra está disponível para acesso no FacebookTwitter e também no fim desta reportagem, mas a Agência Brasília traz os principais pontos esclarecidos na 29ª semana epidemiológica da Covid-19. 
“Em pandemia, nunca sabemos o dia de amanhã. Nos preparamos, mas não sabemos o que pode acontecer”, alertou o secretário de Saúde. “O governo fez, faz e fará a parte dele, não só com leitos [mais 654], mas com cuidados, informações, ações. É importante que a população também faça sua porque a Covid é uma doença perigosa, ela mata”, alertou.  
Por isso, a fase de adaptação e educação foi superada. Agora, as punições previstas em decreto serão aplicadas: “Vamos cobrar para que a população cumpra a obrigação de proteger umas as outras”. 
Pico no DF?
Presidente da Codeplan, Jean Lima apontou que as estimativas indicam que o DF pode estar passando pelo pico da doença. “Estamos em uma espécie de platô [cenário de estabilidade]. Não dá pra estimar exatamente quando vai começar a queda, mas até o dia 25 devemos manter o patamar de padrão de crescimento diário”, disse. É preciso avaliar dia após dia. 
Ele mostrou que, nas últimas três semanas, o DF teve queda no número de infectados em termos percentuais – a média foi de 3,7% para 3,1% até que chegasse a 2,3%. “Temos tido queda no número de casos e estabilidade na demanda de leitos de UTI. Nos últimos 14 dias, tivemos demanda de 37% e novos leitos, que passou a 13% na última semana”, esclareceu o presidente. O reflexo em casos graves e de óbitos se dá mais adiante. 
Subsecretário de Vigilância à Saúde, Eduardo Hage disse que não é possível associar a queda à variação de testagem, mas sim ao platô. “Não houve interrupção de testes. Atualmente temos 463 mil pessoas testadas – incluindo rápidos nas diversas modalidades, como PCR”, apontou.
O DF tem 14% da população testada: é a unidade da federação líder em relação ao tamanho da população em todo o país. Hoje, o entendimento é que pacientes sintomáticos devem ser testados. 
Hospitais de campanha 
O Secretário de Saúde lembrou que, quando começou a pandemia, o DF tinha mais de 300 leitos de UTI na regulação normal. O governo criou estrutura para montar estruturas específicas para a doença, conforme as portarias que preconizam o Ministério da Saúde. 
“Não existe fila para paciente com Covid. A regulação trabalha, dia e noite, e fortalecemos isso para que haja maior giro de leitos e celeridade na busca de pacientes, seja na alta ou na internação”, disse Francisco Araújo. 
O Hospital de Campanha no Estádio Nacional de Brasília está em pleno funcionamento. Nesta semana, devem começar a ser entregues os leitos de UTI no Hospital da PM, com capacidade de 86 lugares. “A empresa está trabalhando, montando, e à medida que nos passarem o panorama, os leitos serão direcionados para o complexo regulador”, explica Francisco Araújo.
Além disso, as obras na estrutura que funcionará no Complexo Penitenciário da Papuda também estão a todo vapor: a estrutura está pronta e a entrega será em, breve.  Em Ceilândia outra unidade começou a ser erguida
Flexibilizações 
Qualquer flexibilização nas medidas de isolamento para permitir retomada de atividades é baseada em estudos, análises e diálogo com categorias afetadas. É o que assegurou o Subsecretário de Inovação da Casa Civil, Paulo Medeiro. “As decisões são tomadas com avaliações científicas. O monitoramento é diário desde o primeiro dia, minuto a minuto”, afirmou. 
Presidente da Codeplan, Jean Lima relatou que o impacto da reabertura do comércio na taxa de mobilidade foi pequeno – de 5% a 6% no fluxo de passageiros do transporte público e de 8% a 10% no volume de carros nas ruas. Também foi pouca a variação na taxa de isolamento. O auge, entre março e abril, tinha em torno de 68% de isolamento. Antes da abertura, em 25 de maio, foi para 44%. Agora, o índice é de 42,29%. 
“Com esse dado, avaliamos que o isolamento social já não é prática adotada pela população”, apontou o gestor. “A abertura é controlada porque os setores precisam voltar. Há mais de cem dias alguns setores estão fechados, o que impacta na economia, geração de emprego e renda. Ao mesmo tempo, a saúde ganhou tempo para colocar mais leitos de UTI – em 14 dias, foram 43% novos leitos. É esse tipo de avaliação que fazemos”, esmiuçou o presidente da Codeplan. 
Na quarta-feira (15), o calendário de flexibilizações permite abertura de bares e restaurantes. “Não estamos voltando às condições normais, mas retomando a atividade econômica em ambiente controlado”, orientou Jean Lima. De acordo com ele, a responsabilidade também é dos estabelecimentos, que não podem permitir aglomerações, deve exigir uso de máscara e tenham álcool em gel, além de manter a distância de mesas. 
Mais um ponto esclarecido é a estratégia de fechamento total das atividades não essenciais em Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol. Ela visava um processo de reeducação da população, com entrega de máscaras, kits de higiene e conscientizando. “São locais onde a comunidade é mais vulnerável e dependente do transporte público. Precisa ter atenção especial.”  
O alerta é uníssono: se for necessário, o governo poderá voltar atrás e determinar fechamentos por atividades ou região.
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