A investigação tem como alvo a compra de leitos hospitalares. O dinheiro, em cédulas de real e dólar, foi encontrado na casa de Adriana Aparecida Zanini, vice-presidente do Instituto Brasília Para o Bem-Estar do Servidor Público (Ibesp). Entidade que teria recebido a verba do governo.
O ex-governador Agnelo Queiroz (PT), o ex-secretário de Saúde Rafael Barbosa e o presidente da Ibesp, Luiz Carlos do Carmo, também estão entre os alvos – Carmo é homônimo de um senador eleito por Goiás, portanto, não se trata da mesma pessoa.
As supostas propinas teriam ocorrido em 2014, ainda na gestão do petista. A ação, batizada de Operação Alto Escalão, é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão.
Segundo apurado pelos promotores, para que o negócio fosse adiante, o dono da empresa Hospimetal pagou R$ 462 mil a agentes que atuariam em nome de ex-ocupantes de cargos do alto escalão do Governo do Distrito Federal. O valor equivale a 10% do montante total do contrato.
A vantagem indevida teria sido paga por meio de um contrato fictício de publicidade e marketing firmado entre a empresa que pretendia vender seus produtos à Secretaria de Saúde do DF e o Ibesp.
Em razão desse pagamento, a empresa foi contratada pela Secretaria de Saúde em 2014. O esquema ilícito havia sido desmantelado pelo Gaeco, que ofereceu denúncia contra servidores públicos e o proprietário da referida empresa.
Os novos fatos foram revelados em colaboração premiada e após a realização de investigações e diligências independentes, além de provas obtidas do processo original. A operação conta com o apoio da Polícia Civil do DF.
Adalgisa Medeiros Teodoro
Adriana Aparecida Zanini
Agnelo Santos Queiroz Filho
Clube Coat Eventos LTDA. ME
Daniel Veras
Fabrício Andrade Carone
Instituto Brasília Para o Bem-Estar do Servidor Público (IBESP)
João Kennedy Braga
Luiz Carlos do Carmo
Mara Lucia Montandon Borges
Rafael de Aguiar Barbosa
Ronaldo Pena Costa Júnior
Wilhas Gomes da Silva
Na noite desta quinta-feira (23/7), a defesa do ex-governador divulgou nota. De acordo com o texto, Agnelo foi surpreendido com a ação policial por “jamais, nos últimos 5 anos e quase 7 meses, após ter sido concluído seu mandato no Governo do Distrito Federal, ter sido intimado para prestar quaisquer esclarecimentos sobre os fatos que a imprensa noticia, sendo o objeto da investigação.”
O texto também destaca que Agnelo “permanece com residência fixa em Brasília, cumprindo com suas obrigações como cidadão, inclusive em isolamento social, por integrar grupo de risco, junto com sua esposa e sogra de 84 anos, e tem a convicção de que, tão logo seja possível conhecer o inteiro teor das investigações, terá condições de se manifestar, convicto e seguro de que não cometeu qualquer ilícito penal, em especial durante todo o período de sua gestão como Governador do Distrito Federal.”
O advogado de Rafael Barbosa, Kleber Lacerda, afirmou que não teve acesso à decisão que autorizou a busca e apreensão, proferida pela juíza Ana Cláudia, tendo recebido apenas cópia do mandado cumprido pelo oficial. “Assim, tão logo seja analisada a decisão, utilizará dos recursos legais para defesa de seu cliente”, diz a nota enviada à reportagem.
A defesa de Adriana Aparecida Zanini disse repudiar qualquer acusação, insinuação ou ilação sobre o envolvimento dela com o Ibesp. O advogado André Gerhein afirma que os esclarecimentos serão prestados em juízo competente. “Lamentamos que o Ministério Público não tenha se preocupado em checar devidamente as informações sobre a idoneidade de nossa cliente. Se o tivesse feito, jamais poderia sequer suspeitar de seu envolvimento com qualquer tipo de ilegalidade”, pontua.
A reportagem ainda tenta contato com a defesa dos outros citados. O espaço segue aberto para manifestações.
A operação desta quinta-feira (23/7) é desdobramento de outra investigação do MPDFT, denominada de Operação Checkout. A primeira fase da operação foi deflagrada em junho de 2018, cumpriu 16 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
À época, o Ministério Público investigou servidores da SES-DF e funcionários de empresas privadas envolvidos na possível fraude à licitação e corrupção na compra de macas, leitos de hospitais e outros tipos de mobiliários para unidades da rede pública.
A segunda fase, deflagrada em fevereiro de 2019, cumpriu diligências no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), no Guará e na cidade de São Caetano do Sul (SP), em uma empresa de turismo.