10/08/2020 às 12h08min - Atualizada em 10/08/2020 às 12h08min

A partir de hoje, vira pesadelo o sonho de Augusto Aras destruir a Lava Jato e Moro

O fato concreto é que Aras começou discretamente sua gestão. Com o passar dos tempos, foi-se robustecendo até pensar que se tornara um gigante, que ia mesmo demolir a Lava Jato e desmoralizar Moro.

Como previu nos anos 60 o artista plástico e animador cultural americano Andy Warhol, chegamos à fase em que as pessoas ficam famosas por 15 minutos, o que era um exagero psicodélico e o general Golbery do Coutto e Silva, mentor intelectual do regime militar, corrigiu para 15 dias. Golbery era inteligentíssimo e o cineasta Glauber Rocha o chamava de “o gênio da raça”, mesmo apelido que depois foi dado ao economista Carlos Lessa, que acaba de nos deixar, levado pelo covid-19, abrindo um buraco enorme no coração da gente. Mas isso já é outra história.

 

O fato é que o procurador-geral Augusto Aras, escolhido a dedo pelo presidente Jair Bolsonaro e instruído para destruir a Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro, realmente se julgou capaz de levar a cabo essas espinhosíssimas tarefas, vejam a que ponto chega a vaidade desse pessoal.

 

UM GIGANTE ANÃO – O fato concreto é que Aras começou discretamente sua gestão. Com o passar dos tempos, foi-se robustecendo até pensar que se tornara um gigante, que ia mesmo demolir a Lava Jato e desmoralizar Moro.

 

Até a semana passada, fez o possível e o impossível para levar adiante essas missões, inclusive alardeou ter provas de ilegalidades cometidas pelas forças-tarefas, mas foi desmentido ao vivo e a cores, em videoconferência transmitida pela internet, na qual foi ridicularizado por outros procuradores, que hipoteticamente seriam seus subordinados.

 

Percebeu-se, então, que o gigante era apenas um anão, que saiu correndo do picadeiro para não ser pisoteado pelo respeitável público. Simplesmente sumiu de circulação, enquanto se esperava que apresentasse as “provas” contra Moro e os procuradores de Curitiba.

 

HOJE É O DIA D – Na ânsia de servir ao presidente Bolsonaro e ganhar a próxima vaga no Supremo, Aras cometeu um erro atrás do outro, e agora está cruzando esquina para fugir dos jornalistas. Mas não adianta. Hoje é o Dia D para acabar com a banca dele, porque as tropas rivais vão desembarcar e tomar posse na nova gestão do Conselho Nacional do Ministério Público, onde têm ampla maioria.

 

Na semana passada, foram duas derrotas. O relator da Lava Jato, Edson Fachin, revogou decisão do presidente do Supremo, Dias Toffoli, que na calada do recesso atendera a Aras e determinou à força-tarefa que compartilhassem informações sigilosas com a Procuradoria-Geral.

 

A segunda derrota foi a reclamação feita por sete senadores ao Conselho Nacional do Ministério Público, para que seja investigada a conduta do procurador-geral quanto a Lava Jato. Os parlamentares argumentam que Aras está quebrando o decoro da função, ao tentar interferir na atuação dos membros do Ministério Público Federal.

 

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P.S. 
-“ É evidente que a sequência de atos do procurador-geral da República pretende esvaziar as prerrogativas de que gozam os membros das forças-tarefas, em especial da Lava Jato em Curitiba, São Paulo e no Rio de Janeiro, em grave prejuízo à independência funcional de cada qual”, afirmam os parlamentares na denúncia. E assim estão acabando os 15 minutos de fama de Aras, que se deixou levar pela vaidade e pela ambição, e terminou se desmoralizando perante a opinião pública toda a classe que julga conduzir. (C.N.)


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