11/08/2020 às 06h19min - Atualizada em 11/08/2020 às 06h19min

Conselho afirma: homem branco que humilhou motoboy não é contabilista

Mateus Prado Couto, flagrado proferindo ofensas contra um motoboy em Valinhos teria se apresentado na delegacia como contabilista

Acusado de injúria racial após humilhar um motoboy em um condomínio de Valinhos (SP) no último dia 31 de julho, Mateus Abreu Almeida Prado Couto, de 31 anos, não tem registro de contabilista.

A informação, que difere da apresentada por ele na delegacia, foi confirmada pelo Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRCSP), em nota enviada ao Metrópoles.

Mateus humilhou o motoboy Matheus Pires ao chamá-lo de semianalfabeto. Branco, o homem disse também que o jovem teria inveja das casas do condomínio e da cor de pele dele. O caso viralizou na última sexta-feira (7/8).

De acordo com o boletim de ocorrência, revelado pelo Metrópoles, Mateus Couto disse que era contabilista. A informação foi confirmada, inclusive, pela Secretaria de Segurança Pública (SSPSP): “O autor dos fatos consta no registro com a profissão de contabilista”.

 

Na prática, contabilista é o termo que se refere tanto a contadores – bacharel em ciências contábeis – como a técnicos em contabilidade.

Conforme o artigo 12 do Decreto-Lei n.º 9.295/46, que regulamenta a profissão contábil, no entanto, é necessário o registro em Conselho Regional de Contabilidade para ser um contador ou técnico em contabilidade.

“Caso alguém exerça atividade privativa de profissional da contabilidade sem o devido registro, este exercício é ilegal e está sujeito às penalidades previstas”, explicou o CRCSP, na nota.

O pai de Mateus Couto, Fernando Couto, foi procurado, mas não respondeu nem retornou os contatos da reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

O delegado Luís Henrique Apocalypse Jóia, da Polícia Civil de São Paulo (PCSP), afirmou na sexta-feira que o pai do agressor teria apresentado, ainda segundo o boletim de ocorrência, um documento que atesta que o filho sofre de esquizofrenia.

“Constou-se no boletim de ocorrência que o pai teria exibido esse documento. Nós solicitaremos assim que houver a representação por parte da vítima, aí a gente vai checar ou não”, disse o delegado.

No entanto, isso não significa necessariamente que Mateus Couto não poderá ser responsabilizado pelo crime de injúria racial contra o motoboy. Segundo o delegado da Polícia Civil, a pena máxima é de até três anos.

“Depende muito do laudo médico. Se constatar que ele [Mateus Couto] não tem condição de saber exatamente o que está fazendo, há uma medida de segurança, não seria a prisão. Mas isso a gente vai verificar assim que a vítima represente”, reforçou o delegado.

A defesa do motoboy, o advogado Márcio Santos Abreu, resolveu entrar com uma representação nesta segunda-feira (10/8).


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