O Metrópoles teve acesso, com exclusividade, ao vídeo que mostra o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Clovis Eduardo Condi saindo do apartamento onde mora, no Guará, com caixas supostamente carregadas de serpentes contrabandeadas, incluindo a Naja que picou o enteado Pedro Henrique Krambeck. A família foi indiciada por maus-tratos e tráfico de animais.
As gravações, do dia seguinte em que o Pedro foi picado pela Naja, mostram o coronel da PM ajudando a esconder as cobras clandestinas. O vídeo foi registrado por uma câmera do elevador no dia 8 de julho às 13h09. Ele fica pouco mais de um minuto dentro do local. Com eles, também havia camundongos, que servem de alimento para as serpentes.
Condi, acompanhado pelo filho menor e de um amigo de Pedro, Gabriel Ribeiro, retirou as serpentes do interior da residência da família com auxílio de um carrinho de compras. Ele carrega as caixas cobertas com um pano vermelho.
Na parte inferior da imagem, é possível ver um recipiente com cobra. Os potes são semelhantes aos apreendidos pela Polícia Militar Ambiental. Em alguns momentos do vídeo, Condi olha para as câmeras de segurança.
Segundo as investigações, Condi e a esposa, Rose Meire, mandaram Gabriel “dar sumiço” nos animais. Após a determinação, o jovem teria feito um acordo com a PM ambiental para entregar os animais e não ser preso.
Eduardo é irmão do subcomandante-geral da corporação, Claudio Fernando Condi. Acionada, a polícia disse que as “investigações da PCDF não estão no rol das atribuições institucionais da PMDF”.
Além de Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl, 22 anos, o padrasto e a mãe dele foram indiciados pela Polícia Civil na investigação que apurou tráfico de animais no Distrito Federal. De acordo com os policiais que trabalharam no caso, o estudante de veterinária chegou a ter 22 serpentes, entre elas, a Naja que o picou.
O local em que ele criava as cobras, no Guará, ficou pequeno e Pedro passou a contar com a ajuda de amigos, segundo a PCDF. Assim, uma organização criminosa se formou, ainda de acordo com as investigações.
Ao todo, 11 pessoas foram indiciadas. Pedro Krambeck vai responder por tráfico de animais silvestres, maus-tratos e associação criminosa. A mãe dele, Rose Meire dos Santos Lehmkuhl, por tráfico de animais, associação criminosa e maus-tratos.
O padrasto de Pedro, o coronel da Polícia Militar do DF Eduardo Condi, também foi indiciado por tráfico de animais silvestres, maus-tratos, fraude processual, associação criminosa, corrupção de menores e ainda pelo fato de dificultar ação fiscalizatória do Ibama, multiplicado por 22, uma para cada animal apreendido.
“Ele (coronel da PM) permitiu que a residência virasse cativeiro. A atividade era liderada é capitaneada pelo rapaz (Pedro) com o suporte da mãe e do padrasto. A criação de camundongos ficava na área de serviço da casa”, ressaltou o delegado Willian Ricardo, da 14ª DP (Gama). O policial disse ainda que todos tinham ciência do crime e fizeram registros, vídeos e fotos, no WhatsApp.
“Tem fotos e vídeos da mãe alimentando os animais e cuidando dos camundongos (que serviam de alimento para as serpentes). O material colhido é extenso no sentido de que ela aderiu ao tráfico de animais. Forneceu o cativeiro e ajudou nos cuidados dessas cobras”, assinalou o delegado, durante coletiva de imprensa que ocorreu no dia 13 de agosto.
Ainda segundo o delegado, a associação criminosa foi montada dentro do curso de veterinária por Pedro e outros integrantes, entre eles, o amigo Gabriel Ribeiro. A PCDF encontrou inclusive uma rifa de um Geko (lagarto) entre os estudantes.