01/09/2020 às 06h52min - Atualizada em 01/09/2020 às 06h52min

Em clima de campanha, Bolsonaro amplia espaço de Marinho e Tereza Cristina

Viajando pelo país para inaugurar obras, presidente prestigia e promove ministros do Desenvolvimento Regional e da Agricultura

Desde que foi considerado curado da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deixou o isolamento no Palácio da Alvorada e tem adotado uma agenda de campanha eleitoral por todo o país. Surfando na onda do aumento de sua popularidade, o chefe do Executivo federal vem dando espaço a aliados quando participa de eventos em seus redutos eleitorais. Nesse contexto, dois de seus ministros com pretensões aos governos de seus estados têm ganhando mais espaço ao lado do presidente: Tereza Cristina e Rogério Marinho.

Eleita deputada federal pelo Mato Grosso do Sul e ministra da Agricultura desde o início do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (DEM-MS) tem sido presença constante nas viagens do presidente, muitas delas a destinos com vocação agropecuária e de representantes do agronegócio.

Rogério Marinho (sem partido) é outro ministro que se aproximou de Bolsonaro e agora ocupa posição de destaque nas agendas presidenciais, sobretudo ao Nordeste. Nas três visitas da comitiva presidencial àquela região, Marinho discursou em todas elas e recebeu elogios do ex-capitão do Exército.

“Quando escolhi o Rogério Marinho para ser ministro do Desenvolvimento Regional, ele só fez um pedido para mim: ‘Eu quero abraçar o Nordeste’. Eu falei: ‘Rogério, o Nordeste é seu’. E ele vem fazendo um brilhante trabalho, que orgulha a todos nós, que atinge, em grande parte, os mais necessitados”, disse Bolsonaro em pronunciamento em Campo Alegre de Lourdes, na Bahia, durante a inauguração de um sistema de abastecimento de água, no dia 30 de julho.

No evento de entrega da revitalização da área portuária de Belém (PA), em 13 de agosto, Marinho foi o único ministro a fazer uso da palavra e também a autoridade que falou por mais tempo. “Esse governo tem nos dado sempre o apoio necessário para exercermos a nossa atividade e a orientação é: não podemos deixar obras importantes, que servem à população, serem paralisadas”, discursou.

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Ao tomar a palavra, Bolsonaro tornou a agradecer Marinho: “Um ministro nordestino, que está fazendo um brilhante trabalho à frente deste Ministério de Desenvolvimento Regional”.

Em Sergipe, enquanto participava da inauguração de uma usina termoelétrica, Bolsonaro fez piada com prefeitos da região e com o governador do estado, Belivaldo Chagas (PSD). Além de Marinho, também exaltou outro de seus ministros mais prestigiado: Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). “Duas grandes preocupações: primeiro, a Bahia pode ser anexada por Sergipe; depois, é que meus ministros podem ser sequestrados pelo governador”, disse o presidente, em tom jocoso.

Política habitacional

Mossoró, no Rio Grande do Norte, reduto eleitoral de Marinho, teve a cerimônia na qual o ministro teve o maior destaque. Ele foi um dos que entregaram pessoalmente a chave da casa própria a uma família beneficiada pelo programa de habitações populares do governo federal na região.

Marinho também foi o protagonista do lançamento da reedição do programa Minha Casa Minha Vida, batizado de Casa Verde Amarela na versão do governo Bolsonaro. Na cerimônia de lançamento, no último dia 25, o ministro do Desenvolvimento Regional foi apresentado como um dos “pais” do novo programa e comandou a coletiva de imprensa ao fim do evento.

Agronegócio

Já no Mato Grosso do Sul, o presidente faz questão de fazer agrados a Tereza Cristina. Sempre que tem oportunidade, Bolsonaro elogia em público a sua ministra, que está cotada para disputar o governo do estado em 2022.

“Deixei por último a mais importante, nossa querida ministra Tereza Cristina, o orgulho do agronegócio, o orgulho não só para o Mato Grosso do Sul, bem como para o nosso grande Brasil. Parabéns pelo trabalho maravilhoso que você faz à frente do Ministério da Agricultura, inclusive abrindo fronteiras para além da América do Sul”, destacou Bolsonaro em sua última ida ao estado.

“Em todas as viagens que fizemos ao exterior, quase sempre ela precedia, se enquadrava no destacamento precursor e fazia um trabalho de base muito bem feito junto a vários países mundo afora. De modo que, quando eu chegava lá, o terreno já estava mais do que amaciado e ela só assinava, basicamente, os acordos”, disse o presidente. “O nosso governo enfrentou essa questão da pandemia, logicamente tendo à frente uma das baluartes, a nossa querida ministra do nosso querido Mato Grosso do Sul”, derramou-se Bolsonaro.


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