A Rodoviária do Plano Piloto é o ponto de ligação dos quatro cantos do quadrado do Distrito Federal. Em dias normais, passam por ali cerca de 700 mil pessoas de diferentes idades, regiões, ocupações, condições. De olho nessa pluralidade, o local passará a receber ações sociais – em um primeiro momento, direcionadas à importância de prevenção e diagnóstico precoce. É uma cooperação com o Instituto Bombeiros de Responsabilidade Social (Ibres), sem custo extra ao governo.
A parceria é ampla. Vem para ajudar no desenvolvimento dos programas comunitários de órgãos governamentais, buscando a integração e assistência sociais, a educação complementar, a formação de cidadãos solidários e conscientes de seus deveres e direitos, a recuperação de valores individuais, familiares e sociais. Em um primeiro momento, o foco será na informação para estimular prevenção e diagnósticos precoces de câncer de mama e de colo de útero.
É o que explica o tenente-coronel Eugênio César, presidente do Ibres. “Vamos desenvolver ações junto aos transeuntes da Rodoviária, trabalhando com a comunidade com trabalhos informativos e de orientação para demonstrar a importância de prevenir doenças. A ideia é ampliar e atingir mais enfermidades, conforme gênero e faixa etária, por exemplo, para interferir diretamente na qualidade de vida das pessoas que são atendidas pelo programa”.
O trabalho será executado junto à sociedade civil, entes privados e órgãos públicos. De acordo com o presidente da entidade, parcerias serão buscadas conforme surjam ações. O Ibres já conta com voluntários da área de saúde, que vão colaborar com as atividades, mas qualquer pessoa interessada em fazer parte pode procurar o grupo.
No futuro, também serão feitos trabalhos de orientação de direitos no meio social, de campanhas de coletas de doações, de desenvolvimento de atividades que visam bem-estar físico, psicológico e social, além da promoção gratuita de saúde, de esporte, de cultura, de desenvolvimento econômico e social.
O conhecimento ajuda na prevenção de doenças e na detecção precoce, confirma a Responsável Técnica Distrital de Ginecologia Oncológica da Secretaria de Saúde, Indara Queiroz. “Quanto mais informação a pessoa tiver, melhor ela atua como agente da própria saúde porque dá condições de se conhecer, se cuidar e o momento de procurar uma unidade básica, um check-up, um rastreamento”, afirma.
Além disso, a detecção precoce permite melhor evolução no tratamento de doenças. No caso do foco inicial das ações da entidade – câncer de mama e colo do útero – Indara Queiroz explica que há rastreamento eficaz. “Quanto mais cedo consegue identificar e tratar lesões precoces nos exames, ainda sem sintomas, o índice de cura é altíssimo”, explica.
Coleta de leite materno
Esse não é a única parceria firmada entre o GDF e o Ibres. Na última semana, foi celebrado um acordo com a Secretaria de Saúde para promover o aumento da coleta de leite materno e do número de receptores. A coleta será executada a partir de 1º de setembro no DF e na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (Ride).
Ao proporcionar a participação da sociedade civil na coleta de leite humano, a expectativa é que haja aumento significativo na coleta. Aqui, segundo a Secretaria de Saúde, 98% da doação de leite materno é feita de forma domiciliar. Nas unidades neonatais da rede pública, cerca de 250 bebês são alimentados por dia.
O DF possui 15 bancos de leite humano (BLH), sendo dez da Secretaria de Saúde, dois federais e três da saúde suplementar. Há também cinco postos de coleta, sendo dois da Secretaria de Saúde e três da rede suplementar (e todas maternidades da rede contam com um banco de leite ou posto de coleta).
Atendimento emergencial
Administrador da Rodoviária do Plano Piloto, Josué Martins de Oliveira valoriza a parceria como forma de levar serviços e ações sociais para o local que, estrategicamente, acolhe muitas pessoas. “Pela quantidade de pessoas que aqui passam, é estratégico manter ações como essas e até ter atendimento emergencial, quando necessário. É uma alternativa para a população que utiliza a rodoviária”, diz.
O Termo de Cooperação entre a entidade e a Administração da Rodoviária e da Área Central de Brasília foi formalizado na sexta-feira (28), no Diário Oficial do DF, e tem vigência inicial de 60 dias – que poderá ser alterada mediante termo aditivo. A entidade já começou a reformar, por conta própria, a futura instalação física onde as ações serão iniciadas. É um conjunto de boxes onde costumava funcionar o DFTrans – desativado após extinção do órgão.