Um professor de caratê acusado de mostrar vídeos pornôs a alunos pequenos e mandá-los reproduzir as cenas dentro do banheiro é alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Segundo a denúncia, os casos teriam ocorrido enquanto Alexandre Márcio da Silva, 49 anos, era professor de um já extinto colégio particular da capital. Ele nega os relatos.
Ana*, hoje com 20 anos, treinou durante dois meses artes marciais com Alexandre, em 2011. Apesar da vontade de conhecer o esporte, as supostas ações do educador com as crianças fizeram com que ela desistisse da modalidade. “Chutava os meninos de forma violenta e mostrava para todo mundo esse vídeos”, conta.
Segundo ela, não havia momento que o carateca achasse inoportuno. Mesmo fora do horário da aula dele, que era dada após as disciplinas obrigatórias, o conteúdo seria mostrado para as crianças, que tinham aproximadamente 10 anos. “Mesmo na fila da cantina, ele aparecia mostrando essas coisas”, se recorda Ana*.
Os atos do professor, no entanto, não se limitavam a mostrar a pornografia, segundo a denunciante. Havia, também, situações em que ele tentava fazer com que as crianças reproduzissem as cenas de sexo. “Ele me trancou no banheiro mais de uma vez, sempre com um ou dois garotos, e mandava a gente fazer igual”, afirma.
De acordo com a jovem, ela era obrigada a beijar e a fazer carícias nas partes íntimas dos meninos, que também eram coagidos a fazer o mesmo. “Teve uma vez que uma funcionária me viu saindo do banheiro com outro garoto e falou que iria contar para os meus pais, dizendo que eu era pervertida. O próprio professor disse que ele foi lá para acabar com aquilo, sendo que foi o contrário”, relata.
A denúncia, no entanto, só foi feita recentemente, na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam). Segundo a vítima, a decisão de contar aos pais o que acontecia foi tomada após ela ver que Alexandre ainda dá aulas de caratê para crianças. “Na época, ele dizia que ninguém ia acreditar em mim, igual a funcionária da escola não acreditou. Por isso eu nunca falei nada”, explica.
No Boletim de Ocorrência, há uma outra jovem que aparece como testemunha. De acordo com Maria*, que teve aulas com Alexandre por aproximadamente dois anos, os vídeos pornôs sempre eram mostrados. “Toda vez que tinha aula, eu chegava e ele estava mostrando os filmes para os meninos”, se lembra.
Mesmo sem dar abertura ao professor, Maria diz que Alexandre teria mostrado algumas cenas para ela, mas acabou parando. “Normalmente eu chegava e dava para ouvir bem o que estava acontecendo, só que ele não tentava mais me forçar a ver”, explica.
Ao Metrópoles, a moça contou que um caso de violência contras os alunos, no entanto, ficou bem marcado. “Ele fez uma brincadeira com um aluno, que revidou. Nessa hora ele derrubou o menino e ficou pisando no pescoço até que pedisse desculpas”, detalha.
Procurado, Alexandre Márcio disse estar surpreso com as acusações. “Estou sabendo disso agora, nunca fiz isso”, se defendeu.
Segundo ele, a relação com os alunos sempre foi boa tanto que, após o fechamento da escola onde trabalhava, muitos foram para a academia que comanda até hoje. “Meus filhos também estudaram lá. Isso nunca aconteceu. Estou até tremendo aqui”, afirmou ao telefone.
Alexandre diz que irá procurar um advogado para se defender das acusações.
*A pedido das próprias vítimas, a identidade delas foi preservada.