Responsável por grande parte dos afastamentos do trabalho e gatilho para casos de suicídio, a depressão foi o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Mundial da Saúde 2017, celebrado nesta sexta-feira (7). Estima-se que no Distrito Federal cerca de 200 mil pessoas sofram com a doença.
A depressão é uma doença crônica limitante. Porém, até 80% dos casos podem ser tratados com medicação e psicoterapia em um atendimento primário. "A maior luta é contra o preconceito com relação à doença", frisa a psicóloga da Diretoria de Saúde Mental, Beatriz Montenegro. Tanto é assim que o lema da campanha é Depressão: vamos conversar.
"A pessoa precisa saber identificar seus próprios sentimentos e admitir que está com algum problema", destaca a psicóloga. Para quem precisa de atendimento, a Secretaria de Saúde oferece como porta de entrada as Unidades Básicas de Saúde, onde podem ser tratados os casos de depressão leve e moderada.
"Dependendo da gravidade, o acompanhamento pode ser feito nos ambulatórios de psiquiatria dos hospitais gerais e nos centros de atenção psicossociais I e II (Caps)", orienta Beatriz Montenegro. Ela diz, ainda, que a indicação de tratamento medicamentoso só deve ser feita após análise de um psiquiatra.
SINTOMAS – Entre os principais sintomas da doença estão humor deprimido e tristeza persistente, diminuição no prazer, redução no interesse em atividades que o satisfaziam, perda de energia, sentimento de culpa, angústia, indecisão, perda da auto-estima, sentimento de inutilidade, distúrbios no sono e apetite, redução na concentração e pensamentos de morte recorrentes.
"Na vida, temos momentos de alegria e de tristeza. Na depressão, porém, não é qualquer tristeza, ela é persistente, chegando a atrapalhar a vida da pessoa", diz Beatriz Montenegro.
A professora Mariana (nome fictício para preservar a fonte) enfrenta uma depressão. Já foi tão forte que a tirou das salas de aula por cerca de seis meses. "Tudo começou com dores e um cansaço fora do normal. Depois, vieram a irritação e a insônia, seguidas de ansiedade e medo. Daí para frente, eu não tinha mais controle das minhas emoções e sentimentos", conta. Ela diz que perdeu a vontade de levantar da cama e enfrentar o trabalho, as pessoas e o mundo. "Eu não me sentia mais segura para entrar em sala de aula. Entrava e o coração acelerava, tremia e começava a suar. A vontade era de sair correndo", relembra. Ela já voltou ao trabalho, mas o tratamento é constante, com medicação e terapia.
O gatilho para a doença pode vir do estresse diário, da sobrecarga de tarefas profissionais e familiares que muitas vezes comprometem a qualidade de vida, desencadeando a doença. Baixa escolaridade, pobreza e exposição à violência também aumentam a chance de desenvolver a enfermidade. A presença de uma outra doença crônica como diabetes, hipertensão e obesidade também pode ser fator de risco para a depressão.
EVENTOS – Durante o mês de abril serão desenvolvidas ações específicas sobre prevenção e cuidado da depressão, nas regiões de saúde. Até esta sexta-feira, estão confirmadas rodas de conversa e palestras no Instituto de Saúde Mental (ISM) e nas regiões de Planaltina e Sobradinho.
DADOS
- No mundo, estima-se que 350 milhões de pessoas sofrem com o transtorno.
- No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 11,5 milhões de pessoas têm depressão.
- No DF, 200 mil pessoas estão com o transtorno. A doença acomete 4 vezes mais o sexo feminino (9,2%) que o masculino (2,5%).
- Segundo pesquisa da Universidade de Brasília e do INSS, 48,8% dos trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias no trabalho sofrem algum transtorno mental, sendo a depressão o principal deles.
- De acordo com a OMS, de cada 100 pessoas com depressão, 15 delas decidem colocar fim a própria vida.