“Agora, está realizado o meu sonho. Ficou do jeito que eu esperava, estou muito grata porque sozinha não teria conseguido”, afirma a diarista Michelle Euche; reforma incluiu um novo quarto, que foi construído especialmente para o pai de Michelle, que sofreu um AVC.
Ter um lar digno vai muito além de um teto: é o ponto de partida para qualidade de vida, segurança e cidadania. Com esse propósito, o programa Melhorias Habitacionais, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab-DF), beneficiou, nesta quinta-feira (26), mais cinco famílias do Setor Oeste da Estrutural com casas reformadas ou reconstruídas. O investimento nas moradias é de mais de R$ 288 mil. De 2019 para cá, o Governo do Distrito Federal (GDF) já impactou 204 famílias por meio da iniciativa, com recursos que somam mais de R$ 6 milhões.
Voltado para famílias com renda mensal de até três salários mínimos e moradores do DF há pelo menos cinco anos em áreas de interesse social regularizadas ou passíveis de regularização, o presidente da Codhab, Marcelo Fagundes, destaca o impacto do programa na vida das famílias atendidas. “É um dos projetos mais bonitos da Codhab, dá gosto de ver e de fazer. Aqui a gente transforma vidas de forma muito rápida. Quando entregamos uma casa reformada e readequada, estamos também transformando a vida da pessoa. Ela passa a viver com dignidade, com segurança, numa casa nova, o que aumenta a autoestima. Entregar cinco casas pode parecer pouco, mas para essas famílias é tudo”, destaca.
Segundo o presidente, o projeto tem continuidade garantida. “Além dessas cinco casas que estamos entregando hoje, já temos previsão de atender mais 200 famílias neste próximo semestre, até o ano que vem. É um trabalho constante: encerramos a reforma de uma casa e já iniciamos outra”, explica. Marcelo ressaltou que o programa já alcança várias regiões do Distrito Federal e já atendeu famílias de São Sebastião, Estrutural e Sol Nascente.
O atendimento às famílias no programa Melhorias Habitacionais começa pela inscrição no aplicativo, aberta em período específico. Depois, o assistente social visita o imóvel, coleta documentos e dados para verificar se a família atende aos critérios. Em seguida, o arquiteto faz o levantamento das necessidades, elabora o projeto e o apresenta ao morador para aprovação. Com o projeto aprovado, é contratada a empresa responsável pela obra.
As cinco casas reformadas estavam bastante degradadas quando foram avaliadas pela equipe, explica o técnico em edificações da Codhab, Rafael Moraes. “Uma delas precisou de ampliação porque o pai da moradora sofreu um AVC e vai precisar de cuidados intensivos em casa, então foi criado mais um quarto. Nas outras, fizemos melhorias habitacionais, requalificando os espaços e devolvendo a salubridade. Os quintais não tinham pavimento, as paredes internas estavam mofadas. Reformamos os banheiros, trocamos portas, janelas, forros, pintamos muros e paredes internas e externas. Houve troca dos azulejos da cozinha e do banheiro, das pias… Foi uma reforma completa, bem complexa”, detalhou.
Ele reforça que a prioridade é atender as necessidades de quem vive no imóvel. “É um benefício concedido pelo Estado, mas é um direito da família. A assistência técnica para habitação de interesse social é um direito. A família tem que ser considerada; em qualquer projeto de arquitetura, o cliente é o que importa. Primeiro, a equipe social faz a avaliação da situação da família. Depois, a equipe técnica avalia o imóvel para, de acordo com a demanda, planejar a reforma. O morador é o primeiro interessado nisso.”
O processo de atendimento às famílias exige o papel fundamental da assistência social em todas as etapas. “O programa começa e termina com o assistente social. Nós fazemos a habilitação, verificamos a documentação, acolhemos a família, acompanhamos todo o processo e identificamos outras necessidades, como encaminhamentos para benefícios sociais”, explica a assistente social da Codhab/Diate. Segundo ela, quando a obra começa e a casa precisa ser desocupada, o assistente social encaminha a família ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) para solicitar o auxílio aluguel, quando necessário, e articula o diálogo entre a empresa, o arquiteto e o morador. “Ao final, comunicamos a conclusão da obra e continuamos acompanhando a família.”
Ela destaca que o trabalho vai além da moradia. “Muitas vezes nos deparamos com famílias que não precisam só da reforma da casa, mas também de orientações e encaminhamentos, porque desconhecem seus direitos. Encontramos situações de violência doméstica, problemas com drogas, e cabe ao assistente social fazer o acolhimento e o encaminhamento. Até orientamos como cuidar da casa e armazenar materiais de forma adequada. Esse é o nosso papel: estar junto da família durante todo o processo e depois da entrega da casa também.”
Beneficiárias
A emoção tomou conta de quem recebeu praticamente uma casa nova. Viver em um local com condições insalubres e inseguras, muitas vezes, era motivo de vergonha e baixa estima. Para a diarista Michelle Euche, 40, a reforma da casa foi a realização de um sonho. “Minha casa só tinha dois quartos e um corredor que vazava quando chovia. Ainda fizeram mais um quarto, que eu amei”, conta, emocionada.
O novo quarto foi construído especialmente para o pai de Michelle, que sofreu um AVC. “Minha vida parecia um furacão. De novembro para cá, meu pai sofreu um acidente, caiu, e ficou na UTI. Eu ficava pensando: como é que ele ia vir pra cá naquela bagunça? Então pedi para fazerem o quarto, porque ele ia precisar quando saísse da UTI. Graças a Deus, ele saiu, e agora estou acompanhando ele no Guará. Quando ele voltar, já tem o quartinho dele, porque vai precisar muito de mim e da minha família.”
Ela viveu na antiga casa desde 2010 e relata a emoção ao ver o imóvel reformado. “Quando bati o olho, falei: ‘Meu Deus, não acredito que é minha casa’. Era muito difícil pra gente conseguir reformar. Sempre que tentava fazer alguma coisa, acontecia outra e eu não conseguia. Agora, está realizado o meu sonho. Ficou do jeito que eu esperava, estou muito grata porque sozinha não teria conseguido.”
Além da criação de mais um quarto, a casa de Michelle teve sala e a cozinha ampliadas; portas e janelas substituídas; telhado revisado; forro trocado; piso todo revestido com cerâmica; revestimento do banheiro substituído; cozinha com novo revestimento cerâmico; muros internos rebocados e pintados; pergolado instalado na área externa; contrapiso executado; caixas de esgoto, sabão e gordura reparadas; e fachada e portão revitalizados com nova pintura.
Outra beneficiada pelo projeto Melhorias Habitacionais, Nilzete Ferreira, 49, que trabalha com serviços gerais, e mora no local com quatro dos sete filhos, conta com emoção como foi entrar na casa depois da reforma. “Eu fiquei muito feliz, muito feliz mesmo. A casa está muito linda. Do jeito que ela estava, muito feia, toda quebrada e detonada”, detalha. Para ela, a nova fase será marcada por mais tranquilidade.
O projeto da casa de Nilzete priorizou tornar o ambiente livre de riscos à saúde. As melhorias incluíram a troca de todas as esquadrias, instalação de revestimento cerâmico no piso em todos os ambientes e nas paredes do banheiro, na pia da cozinha e no tanque. Houve também a criação de um novo quarto, ampliação da sala/cozinha e a troca de toda a instalação elétrica.
O sentimento que define a reforma da casa da diarista Josiane Guimarães, 46, é gratidão. Ela recebeu o imóvel no Dia das Crianças de 2011 e se mudou no dia 13 de outubro daquele ano. Mora apenas com o filho e conta que a residência, antes muito simples, precisava de melhorias. Segundo ela, o projeto da reforma atendeu às necessidades da família. “Como somos só eu e meu filho, não aumentaram, mas ficou mais do que eu esperava. “Minha parte preferida é a pedra da cozinha. Nem sabia que ia ter isso. Estou muito feliz, muito mesmo”, destaca.
A melhoria envolveu a substituição de portas e janelas, revisão do telhado e do forro, aplicação de revestimento cerâmico em todo o piso, instalação de revestimento cerâmico na cozinha, reboco e pintura dos muros internos, execução do contrapiso na área externa, reparo das caixas de esgoto, sabão e gordura, além da revitalização da fachada e pintura do portão.