Médico-cirurgião; eleito deputado federal cinco vezes; ex-secretário de Saúde do DF, nos governos de Joaquim Roriz, Jofran Frejat tinha extenso currículo na política do Distrito Federal. Nas últimas disputas eleitorais, passou perto de ser eleito governador do Distrito Federal. Em 2014, chegou ao segundo turno na corrida pelo Palácio do Buriti, contra o então candidato Rodrigo Rollemberg (PSB), mas perdeu com 44,44% dos votos válidos. Em 2018, colocou-se como pré-candidato ao cargo, mas desistiu por alegar motivos pessoais.
Frejat, como todos o chamavam, era filho de João Frejat e Adélia Frejat. Casou-se com Denise Nunes Martins Frejat, sua esposa e companheira até os dias atuais. Ele morreu nesta segunda-feira (23/11), vítima de complicações causadas por um câncer pulmonar. O político foi diagnosticado com a doença enquanto tratava de um cálculo renal. Ficou 20 dias internado, mas não resistiu ao câncer. Aos 83 anos, Frejat deixa um legado de atuações na saúde local e no Parlamento.
Piauiense de Floriano, Jofran Frejat, foi estudar no Rio de Janeiro ainda muito jovem. Se formou em medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1962.
No mesmo ano, mudou-se para a nova capital, recém-inaugurada por Juscelino Kubitschek. Começou a trabalhar no então Hospital Regional da Asa Sul. Em Brasília, foi ainda diretor do Instituto Médico Legal do Distrito Federal, nos anos de 1973-1979, nos governos Hélio Prates da Silveira e Elmo Serejo Farias.
Participou do governo de Aimé Lamaison como secretário de Saúde e, em seguida, foi secretário-geral do Ministério da Previdência Social.
Nas eleições de 2014 e quando ainda era pré-candidato, em 2018, Jofran Frejat defendeu com afinco o retorno da Fundação Hospitalar do Distrito Federal, da qual foi diretor do Conselho Deliberativo, em 1979. O modelo de saúde criado por Bandeira de Mello, em 1960, era defendido por Frejat como uma solução para o atendimento integrada por estruturas hospitalares de diferentes níveis de complexidade.
Ainda na década de 1970, Frejat elaborou um plano para saúde com modelo na estratégia do cuidado primário prestado em postos e nos centros de saúde, com a oferta de especialidades básicas em ginecologia, pediatria, clínica médica e outros. Modelo que é debatido até os dias atuais como a melhor solução para desafogar as emergências. A proposta de Frejat também previa a construção de hospitais regionais em cada região administrativa do DF e um hospital de base, referência para a alta complexidade
“O Frejat foi um cidadão que trabalhou e militou a vida toda pela saúde. Defensor do Sistema Único de Saúde (SUS), uma de suas políticas mais importantes foi implantar um sistema hierarquizado de saúde no DF. Brasília já teve a melhor saúde do país. Hoje, infelizmente, [o sistema está] sucateado”, afirmou o amigo de Frejat e presidente do Sindicato dos Médicos do DF (Sindimédicos), Gutemberg Fialho.
“Frejat era uma pessoa franca, colaborativa. Dentro dos princípios éticos e morais, sempre ajudou e incentivou”, completou Fialho.
Em 1986, Jofran Frejat foi eleito deputado federal pelo então PFL e participou da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição de 1988. A reeleição para o cargo ocorreu em 1990, mas ele se afastou para ser o secretário de Saúde no segundo governo Joaquim Roriz.
Em 1994, voltou a ser deputado, com nova reeleição. Com novo voto da população para integrar a Câmara dos Deputados, em 1998, Frejat se afastou novamente para ser secretário de Saúde no terceiro governo de Joaquim Roriz.
“Estou arrasada. Papai tinha muita paixão por ele, sabe? Era muito respeito, muito carinho, respeito pelo trabalho que ele prestou para Brasília. Estava planejando uma visita para ele, mas a doença foi mais rápida. Estou em choque, por tudo o que o nome de Frejat representa para a minha família e para a memória do meu pai”, declarou a ex-deputada Jaqueline Roriz, filha do ex-governador Joaquim Roriz.
A deputada federal Flávia Arruda (PL-DF), atual coordenadora da bancada do DF no Congresso Nacional, lamentou a morte do companheiro de campanha em 2014. “É com tristeza que recebo a notícia da morte do Frejat. Sem dúvida alguma, perdemos um grande homem. Em 2014, tive a honra de ser a vice na chapa dele, com quem aprendi muito! Nossos sentimentos aos familiares e amigos”, declarou a parlamentar.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou três dias de luto oficial pela morte de Jofran Frejat e emitiu nota de pesar: “Nos deixa um grande cidadão que fez sua história pautado na ética e na atenção aos que mais precisavam. Que a família receba os meus pêsames e o meu carinho”.