24/11/2020 às 07h02min - Atualizada em 24/11/2020 às 07h02min

Justiça manda apreender R$ 2 milhões em obras de arte de Don Juan do DF

Marcelo Neves foi alvo de três inquéritos. Ele foi processado por ter seduzido e provocado prejuízo a sete mulheres de alto poder aquisitivo

Apontado pela Polícia Civil (PCDF) como um dos maiores estelionatários do Distrito Federal, Marcelo José Neves (foto em destaque), 40 anos, tornou-se alvo de uma ordem de penhora de bens determinada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

A apreensão envolve dois quadros e uma coleção de selos avaliados em R$ 2 milhões. O Don Juan foi objeto de três inquéritos e, depois, processado por ter seduzido e causado prejuízos financeiros a, pelo menos, sete mulheres.

De acordo com a decisão, o golpista declarou, em seu imposto de renda, obras de arte de alto valor, como duas telas do artista Joaquim Jonas Mendes Lemes. A primeira, intitulada Flanboyant em Brasília, foi avaliada em R$ 240 mil, e a segunda, Primavera, em R$ 320 mil. Já uma coleção autêntica de selos postais brasileiros e internacionais foi declarada por R$ 1,5 milhão.
 

No entanto, a execução da penhora não foi pedida por uma das sete mulheres enganadas pelo estelionatário e sim por uma empresa especializada na venda de materiais de construção. O Don Juan é acusado de não pagar a conta no estabelecimento.

A decisão proferida pela 1ª Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais e Conflitos Arbitrais de Brasília determinou a entrega da ordem de apreensão. No entanto, o endereço fornecido pelo homem, na cidade goiana de Anápolis, na verdade, é o de um posto de combustíveis.

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Rastros de golpes

Marcelo Neves deixou um rastro de golpes onde, na maioria das vezes, seduzia mulheres para ter acesso aos bens delas. Em 19 de setembro do ano passado, duas vítimas do estelionatário procuraram a Coordenação de Repressão as Fraudes (Corf) para registrar ocorrência. Uma delas é uma empresária, que preferiu não se identificar. Ela teria sofrido um golpe ainda em 2012, quando perdeu todos os equipamentos que eram usados em sua clínica de estética, em uma das quadras comerciais da Asa Norte.

Segundo a mulher, o suspeito seduziu sua sócia para conseguir ter acesso a uma série de informações particulares do estabelecimento, como o local onde era guardada a chave para abrir a empresa. “Ele se aproximou, pois era amigo do meu ex-marido, e disse que poderia nos ajudar com a burocracia da clínica. Ele começou ajudando aos poucos, até fazendo pequenas benfeitorias no imóvel e alugando alguns aparelhos que usávamos”, explicou, em entrevista ao Metrópoles.

De acordo com a empresária, em alguns meses, começou a se relacionar com sua sócia, até conseguir informações privilegiadas. “Ele queria ter acesso às contas da clínica, o que eu sempre neguei. Mas minha sócia ficou apaixonada e isso facilitou a ação dele. Um dia cheguei para trabalhar e ele havia ‘limpado’ a clínica”, disse.

A operação

Em operação contra o Don Juan, deflagrada em 13 de setembro de 2019, os investigadores da Corf cumpriram mandado de busca e apreensão em um apartamento na Quadra 307 da Asa Sul, onde mora a mãe do suspeito, e na casa dele, na 705 Norte. Os policiais precisaram de um caminhão para transportar todos os produtos de luxo comprados pelo criminoso com o dinheiro de uma das denunciantes, que perdeu patrimônio avaliado em R$ 600 mil.

De acordo com as diligências, que correm em sigilo, Neves se aproveitou da vulnerabilidade da mulher, divorciada há pouco tempo, para seduzi-la. Com lábia afiada, o Don Juan convenceu a vítima de que era expert em operações do mercado financeiro, sendo um grande investidor. Em seguida, o estelionatário fez com que a vítima se desfizesse de carros, apartamento e joias. Assim, com o dinheiro, ela investiu em fundos supostamente administrados por Marcelo.

Durante o envolvimento com a vítima, até a mãe do fraudador se aproveitou da situação. Ambos usaram os cartões de crédito da mulher, provocando rombo de R$ 166 mil, e ainda realizaram empréstimos bancários que somaram R$ 54 mil. Depois que se apossaram do patrimônio, os golpistas alegaram que não havia nem mais um centavo no fundo. Assim, cortaram relações com a denunciante.

Confira bens comprados com o dinheiro do golpe e apreendidos pela PCDF:

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