As delações de executivos da Odebrecht sobre os bastidores da licitação do Centro Administrativo do Distrito Federal revelam um grande interesse por trás da empreitada: os contratos públicos de vigilância e limpeza. O ex-diretor Alexandre José Lopes Barradas contou em depoimento que, além do consórcio formado pela Odebrecht e pela Via Engenharia, as empresas Delta e Manchester também se uniram para disputar o negócio. Diante do risco de perder o contrato, representantes da Odebrecht procuraram os potenciais rivais para negociar. Segundo Barradas, o interesse da Manchester não era viabilizar o novo Centrad, mas atuar para atrapalhar a licitação.
Líder de mercado, Manchester fez conluio para atuar no setor
A Manchester era, na época, a maior prestadora de limpeza e vigilância do Governo do Distrito Federal, com serviços concentrados nos prédios públicos do Plano Piloto. “Com a construção do Centro Administrativo, esses serviços seriam muito reduzidos, daí o seu interesse de que o projeto não fosse adiante, pois havia um risco de perda de mandato”, contou Barradas à Força Tarefa da Lava-Jato. Depois da conversa, a Manchester se comprometeu a não apresentar proposta inferior à da Odebrecht. A empreiteira e a Via, por sua vez, prometeram compensá-la pela perda de mercado. “Ficou o compromisso por parte do nosso consórcio de contratar a Manchester para até 25% da prestação dos serviços de vigilância, manutenção e limpeza decorrentes da operação do Centrad”, revelou o delator.
Firma de Eunício de Oliveira queria espaço para atuar
O episódio também consta da delação do ex-executivo João Pacífico. Segundo ele, a Manchester tinha à época, entre os sócios, o senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), hoje presidente do Senado Federal. Segundo Pacífico, houve reuniões para definir “os termos do conluio que se pretendia implementar, acomodando os interesses da Manchester”. O delator contou que os representantes da Manchester exigiram que o ajuste fosse formalizado e assinado por todos, o que gerou controvérsias. Por fim, de acordo com Pacífico, Fernando Queiroz, da Via Engenharia, teria se oferecido para assinar sozinho o documento exigido. Como o Centrad até hoje não entrou em operação, o acordo nunca se viabilizou.
O custo das combinações para licitações
A informação de que houve conluio nas maiores e mais caras obras públicas da história do Distrito Federal comprova o sobrepreço imposto por empresários, com a conivência de gestores. Um dos exemplos é o Estádio Mané Garrincha, o mais caro do Brasil, com custo final de mais de R$ 1,8 bilhão. A Odebrecht não tinha interesse no contrato, mas, a pedido da Andrade Gutierrez, apresentou uma proposta mais alta do que a da empreiteira para simular uma concorrência e justificar o preço final nas alturas. O delator Paul Altit contou à Força Tarefa que acredita na possibilidade de um conluio também no projeto Jardins Mangueiral. Para ele, a Via Engenharia possivelmente entrou na disputa só para ajudar a Odebrecht, que acabou vencedora.
Dallagnol às margens do lago
Na última quarta-feira, enquanto Brasília parava à espera da divulgação dos vídeos das delações da Odebrecht, Deltan Dallagnol almoçava sozinho, de frente para o Lago Paranoá. Ao lado da mesa do procurador da República, coordenador da Força Tarefa da Lava-Jato, havia dois seguranças atentos à movimentação do restaurante Don Durica, um self service que funciona dentro do Clube dos Servidores do Senado Federal. Um garçom sugeriu que o procurador pagasse a conta na mesa, mas Dallagnol preferiu pegar a fila. Questionado sobre a Lava-Jato, disse que “não seria um bom dia para falar sobre o assunto”.
Delação vai amparar ação contra novas quadras do Mangueiral
Integrantes da Associação de Moradores do Jardim Mangueiral vão aproveitar as menções ao setor nas delações da Odebrecht para tentar barrar a construção de novas quadras no bairro. Eles recorreram à Justiça contra a implantação de quatro novas áreas, com capacidade para 1,5 mil lotes. Agora que os bastidores da liberação do Jardim Mangueiral vieram à tona, o grupo quer juntar a delação da Odebrecht ao processo, com o argumento de que podem ter havido interesses escusos por trás das autorizações para terrenos não previstos no projeto original. As novas quadras foram liberadas em 2013, mas os moradores conseguiram uma liminar judicial bloqueando a criação de mais lotes.
As delações de executivos da Odebrecht sobre os bastidores da licitação do Centro Administrativo do Distrito Federal revelam um grande interesse por trás da empreitada: os contratos públicos de vigilância e limpeza. O ex-diretor Alexandre José Lopes Barradas contou em depoimento que, além do consórcio formado pela Odebrecht e pela Via Engenharia, as empresas Delta e Manchester também se uniram para disputar o negócio. Diante do risco de perder o contrato, representantes da Odebrecht procuraram os potenciais rivais para negociar. Segundo Barradas, o interesse da Manchester não era viabilizar o novo Centrad, mas atuar para atrapalhar a licitação.
Líder de mercado, Manchester fez conluio para atuar no setor
A Manchester era, na época, a maior prestadora de limpeza e vigilância do Governo do Distrito Federal, com serviços concentrados nos prédios públicos do Plano Piloto. “Com a construção do Centro Administrativo, esses serviços seriam muito reduzidos, daí o seu interesse de que o projeto não fosse adiante, pois havia um risco de perda de mandato”, contou Barradas à Força Tarefa da Lava-Jato. Depois da conversa, a Manchester se comprometeu a não apresentar proposta inferior à da Odebrecht. A empreiteira e a Via, por sua vez, prometeram compensá-la pela perda de mercado. “Ficou o compromisso por parte do nosso consórcio de contratar a Manchester para até 25% da prestação dos serviços de vigilância, manutenção e limpeza decorrentes da operação do Centrad”, revelou o delator.
Firma de Eunício de Oliveira queria espaço para atuar
O episódio também consta da delação do ex-executivo João Pacífico. Segundo ele, a Manchester tinha à época, entre os sócios, o senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), hoje presidente do Senado Federal. Segundo Pacífico, houve reuniões para definir “os termos do conluio que se pretendia implementar, acomodando os interesses da Manchester”. O delator contou que os representantes da Manchester exigiram que o ajuste fosse formalizado e assinado por todos, o que gerou controvérsias. Por fim, de acordo com Pacífico, Fernando Queiroz, da Via Engenharia, teria se oferecido para assinar sozinho o documento exigido. Como o Centrad até hoje não entrou em operação, o acordo nunca se viabilizou.
O custo das combinações para licitações
A informação de que houve conluio nas maiores e mais caras obras públicas da história do Distrito Federal comprova o sobrepreço imposto por empresários, com a conivência de gestores. Um dos exemplos é o Estádio Mané Garrincha, o mais caro do Brasil, com custo final de mais de R$ 1,8 bilhão. A Odebrecht não tinha interesse no contrato, mas, a pedido da Andrade Gutierrez, apresentou uma proposta mais alta do que a da empreiteira para simular uma concorrência e justificar o preço final nas alturas. O delator Paul Altit contou à Força Tarefa que acredita na possibilidade de um conluio também no projeto Jardins Mangueiral. Para ele, a Via Engenharia possivelmente entrou na disputa só para ajudar a Odebrecht, que acabou vencedora.
Dallagnol às margens do lago
Na última quarta-feira, enquanto Brasília parava à espera da divulgação dos vídeos das delações da Odebrecht, Deltan Dallagnol almoçava sozinho, de frente para o Lago Paranoá. Ao lado da mesa do procurador da República, coordenador da Força Tarefa da Lava-Jato, havia dois seguranças atentos à movimentação do restaurante Don Durica, um self service que funciona dentro do Clube dos Servidores do Senado Federal. Um garçom sugeriu que o procurador pagasse a conta na mesa, mas Dallagnol preferiu pegar a fila. Questionado sobre a Lava-Jato, disse que “não seria um bom dia para falar sobre o assunto”.
Delação vai amparar ação contra novas quadras do Mangueiral
Integrantes da Associação de Moradores do Jardim Mangueiral vão aproveitar as menções ao setor nas delações da Odebrecht para tentar barrar a construção de novas quadras no bairro. Eles recorreram à Justiça contra a implantação de quatro novas áreas, com capacidade para 1,5 mil lotes. Agora que os bastidores da liberação do Jardim Mangueiral vieram à tona, o grupo quer juntar a delação da Odebrecht ao processo, com o argumento de que podem ter havido interesses escusos por trás das autorizações para terrenos não previstos no projeto original. As novas quadras foram liberadas em 2013, mas os moradores conseguiram uma liminar judicial bloqueando a criação de mais lotes.