Após o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) receber relatos de que servidores que não integram o grupo prioritário de imunização de Covid-19 foram vacinados na capital, o governador Ibaneis Rocha (MDB) espera que as denúncias sejam todas apuradas, mas que “tenham fundamento”. A afirmação foi feita durante a cerimônia de inauguração do Hospital de Campanha de Ceilândia, na manhã desta quinta-feira (21/1).
“Eu espero que sejam denúncias fundadas. O que eu vi em outros estados foi que houve fotografias, filmagens. Neste caso, é só conversa, não acompanha nenhum tipo de documento. Mas eu acho que o Ministério Público está na sua função. Eu espero que as denúncias sejam todas apuradas, mas que elas venham de forma fundada realmente. O que eu vi em outros estados foram fotos, vídeos, que foram feitos nesse sentido”, afirmou.
O governo disse, ainda, que considera o fato um “absurdo”, caso seja confirmado. “Eu acho que chega a ser absurdo, no momento de pandemia, deixar de vacinar aqueles que estão na linha de frente para vacinar outras pessoas. Então, nós vamos apurar. Se houver realmente, vamos punir aqueles servidores que estão fazendo isso”, acrescentou Ibaneis.
Na quarta-feira (20/1), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) cobrou explicações da Secretaria de Saúde sobre servidores que não integram o grupo prioritário de vacinação de Covid-19, mas que acabaram recebendo a primeira dose da Coronavac aplicada pela pasta. Em documento obtido pelo Metrópoles, o coordenador da força-tarefa contra a pandemia, procurador José Eduardo Sabo Paes, determina o prazo de 48 horas para uma resposta oficial do órgão.
“Dispensável observar que tal situação, uma vez comprovada, além de representar violação ética inaceitável, importa grave descumprimento da legislação, com inevitáveis consequências nas esferas administrativa e penal para os autores e beneficiários indevidos da medida”, escreveu o representante do MP.
Procurada, a Secretaria de Saúde informou que as denúncias chegaram ao conhecimento da pasta. “Imediatamente, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, solicitou aos superintendentes regionais a lista com os beneficiados pela vacina até o presente momento. Além disso, foram informados de que serão devidamente apuradas pelo setor de controle interno do órgão todas as supostas irregularidades.”
“Antes de ontem (19/1), nosso pessoal trabalhou até de madrugada para que pudessem lançar uma circular – o que foi feito ontem à noite. Ontem, eu chamei todos os responsáveis da área de Vigilância em Saúde e da Secretaria de Atenção Integral à Saúde, ao comando do nosso doutor Garcia, e fizemos um levantamento de tudo o que estava acontecendo no primeiro dia. E todas as irregularidades que forem encontradas serão solucionadas. Estaremos, cada vez mais, fiscalizando”, garantiu.
“Não só a Secretaria de Saúde na administração central, mas a gente observa que todos os servidores estão fiscalizando: ‘Por que eu não recebi a vacina e o outro recebeu?’. Então, tudo isso vai ser apurado”, concluiu Okumoto.
Mais de 7,4 mil doses da vacina contra a Covid-19 foram aplicadas em indivíduos no Distrito Federal. Segundo dados da Secretaria de Saúde divulgados na noite de quarta-feira (20/1), a maior parte delas é destinada a profissionais de saúde. O levantamento foi realizado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVEP). Ao todo, 7.024 trabalhadores da saúde, 269 idosos em asilos, 98 deficientes institucionalizados e 18 indígenas receberam o imunizante.
Apenas o Hospital de Base – que iniciou a vacinação na tarde de quarta (20/1)– não repassou quantas pessoas receberam a primeira dose da Coronavac.
No total, o Distrito Federal obteve 106.160 unidades. A estimativa do governo local é vacinar 53.080 pessoas, que receberão duas doses em um intervalo de 14 a 28 dias. A Secretaria de Saúde do DF frisou que a população não deve procurar as unidades para imunização, pois apenas o público-alvo receberá a vacina neste momento.