O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF) e a Polícia Civil do DF (PCDF) investigam Jhonata Teles Dutra, dono da Engeteles. A empresa vende cursos on-line e presenciais e atrai interesse de profissionais que trabalham, por exemplo, com manutenção de equipamentos industriais.
Teles se identificava como engenheiro e, inclusive, um número do Crea-DF relacionado a ele foi inserido em certificados de conclusão de curso. Mas o conselho da categoria confirmou à coluna Grande Angular que não consta o nome do empresário, como profissional registrado, nos sistemas do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e do Crea.
No portal da Engeteles, há dois perfis do proprietário, que também é professor do curso de Planejamento e Controle da Manutenção. Teles é descrito em um deles como engenheiro mecânico e engenheiro de produção com pós-graduação em gestão de projetos e engenharia de manutenção. No outro link, entretanto, não há informação sobre a formação em engenharia.
Um dos perfis descreve que o empresário capacitou “mais de 10 mil profissionais da área de gestão da manutenção”. “Como diretor de Operações da Engeteles, já liderou mais de 300 projetos de consultoria no Brasil e em seis países”, diz o texto.
Leia o perfil que fala da formação em engenharia:
Reprodução/Engeteles
Em nota, o Crea-DF informou que “está averiguando o caso e que já realizou a instauração de processo administrativo para apurar a situação”. A entidade disse que a Assessoria Jurídica vai comunicar o Ministério Público Federal (MPF) para que o órgão também investigue.
O conselho explicou que, para ministrar cursos na área de engenharia, é preciso que o profissional seja da engenharia ou geociências. A exigência consta na Resolução nº 218/73 do Confea.
A Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), da PCDF, investiga denúncia envolvendo o empresário.
Por meio de nota assinada por Teles, a Engeteles disse que “não houve nenhuma decisão no âmbito do processo administrativo”. Segundo a empresa, é “imprecisa a informação de que é necessária a graduação no curso superior de engenharia ou geociências para ministrar curso de gestão de ativos”.
“Qualquer decisão administrativa, por óbvio, está sujeita ao contraditório e ao devido processo legal, devendo observar os esclarecimentos apresentados nos autos”, afirmou.
A Engeteles ainda pontuou que “conta com professores parceiros formados em engenharia e em outras áreas de conhecimento, o que foi devidamente apresentado no âmbito do processo administrativo e é de conhecimento dos consumidores da empresa”.
“A Engeteles informa que apresentou todas as informações a respeito de suas atividades ao Crea-DF e que se, eventualmente, for convocada para prestar esclarecimentos a qualquer autoridade policial, adotará igual espírito de colaboração”, frisou.
“Por fim, a Engeteles assume compromisso quanto à qualidade de seus cursos e materiais, que são direcionados a profissionais da área de gestão e manutenção de ativos”, concluiu.