O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reagiu aos apelos feitos por deputados federais de vários partidos políticos contra a decisão de desalojar o comitê de imprensa do espaço original localizado ao lado do Plenário Ulysses Guimarães, onde ocorrem as mais importantes discussões e votações.
“Com muita democracia, nós vamos conversar hoje, mas a decisão da Mesa está tomada. Mas iremos dialogar para dar um conforto e maior possibilidade que a imprensa exerça seu papel sempre com democracia, sem nenhum tipo de oportunismo político”, enfatizou, nesta quarta-feira (10/2).
Lira alegou que deputados enfrentam dificuldades com espaços em seus próprios gabinetes e que a mudança faz parte de um projeto para “aproximar a presidência da Casa” dos demais deputados.
“Todos os partidos sabem das dificuldades que esta casa vive com gabinetes sem banheiros para parlamentares, lideranças com espaços diminutos, outras lideranças com espaços sobrando, espaço de 70 deputados para 30, partidos que saíram do espaço de 30 deputados para 50”.
“Deputados que reclamam tanto de espaço não vão achar ruim quando a Mesa decidir que o metro quadrado será dividido igualmente pelas lideranças partidárias. Projeto é da mesa anterior. Parabenizo pela organização dos gabinetes desta Casa, todas as presidências funcionando organizadamente, setores de diretoria funcionando com dignidade”, continuou.
E justificou: “Não há nenhum problema no lugar que foi oferecido à imprensa. Uma sala de 107 m² com copa, com banheiro, com sistema analógico, todo sistema virtual, com 40 baias”, disse o presidente.
Ao contrário do que foi dito pelo presidente, jornalistas apontam que o espaço apresentado não tem banheiro e espaço suficiente para todos os profissionais de imprensa. Além disso, o espaço não possui janelas, o que torna o ambiente insalubre para o trabalho, principalmente em tempos de pandemia da Covid-19.
Lira rechaçou a ideia de que com a transferência dos jornalistas para um espaço no subsolo da Câmara signifique cerceamento do trabalho da imprensa.
“Nessa Casa nunca cerceamos direito de cobertura de ninguém. Aqui é o lugar onde a presidência se comunica com o Plenário, está mais perto do Plenário e dos senhores deputados. O que a imprensa reclama é que não pode ficar distante do Plenário, mas nós vamos dialogar como sempre fizemos para acharmos solução viável que atenda a todos. A imprensa representa a veiculação e distribuição do que acontece aqui”, disse Lira.
A mudança está marcada para esta quinta-feira (11/2), apesar de não haver nenhum espaço estruturado para o trabalho dos jornalistas. Nesta quarta, um funcionário da Câmara iniciou a medição do mobiliário para verificar se cabe no espaço do subsolo oferecido.
Apesar de determinada por Lira, não há um orçamento para a reforma das instalações. A ideia do presidente é transformar o espaço onde hoje funciona do comitê em um gabinete para a Presidência da Casa. Isso garantiria que ele não precise atravessar o Salão Verde, local onde tradicionalmente ocorrem as entrevistas, para chegar ao Plenário.
Nesta quarta-feira, o líder do Novo foi até o comitê para ouvir as demandas dos jornalistas e prometeu tentar intervir para que a mudança não seja realizada.
Também a bancada do PSol enviou memorando ao presidente pedindo que ele reveja a decisão de mudar de local o comitê de imprensa.
No documento, o partido destaca que o trabalho da imprensa é fundamental para a democracia, por ampliar para além das paredes da Câmara dos Deputados as discussões travadas na Casa Legislativa.
“Dificultar o trabalho da imprensa resulta imediatamente na diminuição da transparência desta Casa e levanta suspeitas sobre os interesses que movem esta decisão”, afirma a bancada.