Para o morador do Lago Norte e ligado ao setor audiovisual, Fernando Almeida, 73 anos, espera é pelo fim da pandemia. "O que a gente quer é a vacina e os resultados para que o vírus suma de vez. Essa doença mudou a situação de todos, eu tive uma redução de 80% da minha renda, tive que dispensar plano de saúde. E eu sou do grupo de risco, sou diabético e asmático", revela.
Fernando recorre a um bom filme para se distrair durante os dias de isolamento. “Sempre procuro algo para assistir e, além disso, tenho minha filha especial, de 41 anos. Ela estuda on-line, e isso está sendo muito bom para nós e para ela. Os professores estão muito empenhados em fazer um bom trabalho, e isso vem ajudando a todos nós a lidarmos com toda a situação. E, claro, a pandemia ainda vai durar um certo tempo, até porque a primeira dose da vacina não deixa ninguém imune. Por isso, pretendo continuar seguindo os cuidados de prevenção”, ressalta.
A emoção na expectativa da vacina é grande também para Norma Pinto da Silva, 72, moradora de Águas Claras e aposentada. Norma conta que se emocionou, na última segunda-feira, ao saber que seria vacinada. “Eu vi a reportagem e chorei de alegria. É muito difícil a pandemia, estou dentro de casa desde março do ano passado. Falo com meus filhos e netos apenas por celular. Quando eles vêm aqui em casa, entregar minhas compras, sequer entram, nos falamos só da porta”, revela Norma.
Mãe de três filhos, a aposentada conta que a família segue com rigor o isolamento. “Todo mundo evita ao máximo sair de casa, está cada filho em sua casa. Não tivemos Natal e, mesmo no meu aniversário, por exemplo, não quebramos o isolamento. Eles me mandaram presentes e nos falamos por live. Assim é em todo aniversário dos meus netos, tudo a distância. É difícil, mas vai passar. E precisamos fazer nossa parte”.
Norma ainda não sabe se irá se vacinar amanhã ou esperar pelo segundo dia de imunização do novo público-alvo. “Minha filha conversou comigo para esperarmos o segundo dia, para ter menos gente e não corrermos riscos. No fim, ainda vamos decidir. Mas estou aliviada, parece que estou sonhando com tanta alegria. Conto os minutos para chegar logo”. E como não podia deixar de ser, para um coração de avó, o que Norma deseja mesmo, e espera com mais ansiedade ainda, é pela imunização dos filhos e netos. “Sei que ainda vai demorar um pouco, mas eu mal posso esperar a hora de ver meus filhos e meus netos vacinados. Quero ver todo mundo seguro o mais rápido possível”, explica.
Infectologista do Hospital Águas Claras, Ana Helena Germoglio destaca que se imunizar é uma ação coletiva, do indivíduo para o outro. “Quando a gente se vacina, não pensamos no individual, pensamos no coletivo. Pessoas que são elegíveis para a vacinação, quando estão imunizadas, conseguem proteger quem está ao seu redor e reduzir a circulação viral”.
Ana Helena diz que, com a redução da circulação do vírus, o risco de mutações do Sars-CoV-2 diminui. “A probabilidade de ter novas cepas é maior quando o vírus circula livremente. E essas mutações são graves, pois colocam em xeque inclusive a vacina que já temos em mãos. Por isso, é importante que o maior número de pessoas se vacine”.
A médica também esclarece as dúvidas de muitos idosos que, por medo, não querem se vacinar. “Os efeitos colaterais do imunizante contra a covid-19 é como o de qualquer outra vacina: uma certa dor no local, vermelhidão, muito raramente alguém sente febre. O que vale ressaltar é que o benefício da vacina é muito maior: essa pessoa terá chances mínimas de se contaminar e, mesmo que isso aconteça, não desenvolverá uma infecção grave por covid-19”, finaliza.
Doses recebidas na capital até agora
CoronaVac: 227.560 doses
Covishield: 67 mil doses
Vacinados no DF até ontem
1ª dose: 171.757
2ª dose: 66.419