10/04/2021 às 03h56min - Atualizada em 10/04/2021 às 03h56min

Bebê tem clavícula quebrada durante parto no hospital Regional de Santa Maria; Polícia Civil investiga o caso

Mirella Lima Vale nasceu em 29 de março na unidade pública de Santa Maria. Desde então, chora de dor. Pais buscam atendimento de ortopedista

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso de uma bebê que teve a clavícula quebrada após o parto. A criança nasceu em 29 de março no Hospital Regional de Santa Maria. A situação é apurada pela 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria).

O autônomo Júlio Cezar do Vale Bezerra, 35 anos, foi com a mulher, Jéssica Lima de Moraes, 28, que estava em trabalho de parto, ao hospital, no dia 29. Ele não conseguiu entrar para acompanhá-la, pois acabou impedido logo na triagem.

“Quando autorizaram o acesso, a Jéssica estava com a bebê enrolada em uma coberta, no colo. Foi parto normal. Não pude presenciar o nascimento da minha filha, ver a equipe médica. Apenas me deram os ‘parabéns’, após todo o procedimento”, lembrou Júlio Bezerra.

No dia seguinte, um pediatra visitou o leito onde a família estava e, ao examinar a criança, suspeitou que a bebê Mirella Lima Vale estava com a clavícula direita quebrada. O profissional orientou que fosse feita uma radiografia. “Até o médico estranhou. Questionou se alguém já havia nos informado, pois a neném estava claramente com o osso quebrado. Alertou que era perigoso pegar no colo e tínhamos de ter cuidado ao dar o banho”, relatou o pai.

 

Com o exame, os laudos comprovaram a fratura. A família acredita que houve descuido durante o parto. Ao voltarem para a internação, os pais relataram que foram informados pela equipe médica de que o problema seria resolvido de “forma natural”, que bastava deixar a recém-nascida deitada, e a lesão seria atenuada.

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“O prazer de um pai é de segurar o filho no colo. Vestir as roupinhas que foram escolhidas com tanto carinho. Mas, para nós, tem sido diferente. Apesar de ter passado nove meses (de gravidez) fazendo todo o acompanhamento necessário, pagar consulta particular, o que vemos é a nossa filha enfaixada e chorando de dor”, desabafou Júlio.

A família teve alta do hospital em 7 de abril. Os pais foram orientados a consultar um ortopedista. O agendamento, no entanto, estará disponível somente a partir de 22 de abril. “Estamos passando por dias difíceis. Sequer sabemos se vai ter vaga para a especialidade que ela precisa. Eu quero apenas um atendimento para a minha filha. Não dormimos mais, ela chora de dor. Temos medo da demora causar um problema permanente”, ressaltou o pai.

O delegado Paulo Fortini, da 33ª DP, confirmou que o caso está em apuração, mas ponderou que a situação requer cautela. “Ainda é cedo para dizer se houve erro médico. Essas situações são delicadas e exigem cuidado. Só ao fim do inquérito é que poderemos determinar se houve alguma conduta culposa, ou não, dos envolvidos”, explicou.

Questionado, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), informou que um dos riscos do parto normal é a fratura da clavícula do recém-nascido, que ocorre em menos de 4% dos casos, conforme publicação na revista Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal do Ministério da Saúde, mas o quadro evolui sem seqüelas na maioria dos casos.

Segundo o Iges, no caso da Jéssica, a gestante chegou ao Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) já com dilatação total, o que exigiu que o procedimento fosse feito com urgência pela equipe composta por obstetra e enfermeiros, que teriam adotado todos os cuidados.
 
“Inclusive, após o parto, a bebê foi examinada pela neonatologista de plantão e depois encaminhada para avaliação do pediatra. Ambos os profissionais não identificaram qualquer anormalidade”, disse o instituto.
 
Ainda segundo o Iges, os sinais de fratura na clavícula direita foram notados no segundo dia de vida da bebê, porque são necessários até dois dias para avaliação de descontinuidade do osso. “Além disso, quando a fratura é incompleta ela só pode ser percebida durante a consolidação, por meio da palpação do calo ósseo”, afirmam.

“Imediatamente após a constatação da fratura pelos profissionais de saúde, todas as condutas necessárias foram tomadas pela equipe assistencial do HRSM, inclusive já foi agendada consulta com o ortopedista para atendimento na próxima quarta-feira (14)”, concluiu o instituto.
 


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