Em reunião na tarde dessa segunda-feira (20/9), no auditório do Sindicato dos Médicos (SindMédico), um representante da entidade propôs a invasão do Palácio do Buriti “com 20 ou 30 sindicalistas”. A ação seria uma forma de pressionar o governador Ibaneis Rocha (MDB) a conversar com as associações de trabalhadores. A ideia partiu do diretor de relações intersindicais do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias, Fundações, e Tribunal de Contas do DF (Sindireta), Luiz Gonzaga de Negreiros. O próprio Sindireta desautorizou a fala do filiado e a classificou como uma “conversa vazia”.
Estavam na reunião, além do SindMédico e do Sindireta, representantes do Sindicato das Atividades Urbanas do DF (Sindafis) e do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviço de Saúde em Brasília (SindSaúde). Na pauta, discutia-se a PEC 32, que propõe a Reforma Administrativa, a terceira parcela do Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) dos médicos em 2013, além de outras matérias conjuntas dos servidores públicos. Não houve lista de presença.
Durante o encontro, Negreiros reclamou da falta de trânsito dos sindicalistas no atual governo. “Ele não está nem aí, não chama entidade nenhuma, não tem compromisso com a gente. Quantos sindicatos têm em Brasília representando os servidores públicos? Quantas vezes chamou pra conversar pra dizer até quando ou a partir de quando ele vai fazer alguma negociação?”, questionou o representante.
“Já tinha sugerido diversas vezes invadir o gabinete dele [do governador], até para criar um fato político”, propôs o líder sindical. E complementa como seria a abordagem: “Se ele não atender a gente, a gente chega lá no corredor, e se perguntarem ‘o que é?’ [respondemos], ‘são os sindicatos que invadiram pra falar com o governador, já que ele não atende a gente e não quer falar com a gente, a gente vai invadir aqui”, assinalou.
Segundo explica o próprio sindicalista, a preocupação é que o governo local veja que os representantes sindicais são fracos. “Nós não fizemos movimento contra ele, nem nada, nenhuma faixa; estamos com medo dele por quê?”, questiona. “É o que eu falo, quem está defendendo está mamando, não sei o que está acontecendo. Eu nem defendo nem mamo, mas estou indignado. Nós somos sindicalistas eleitos para defender os servidores, os servidores estão perecendo”, prossegue Negreiros.
“Então, eu sugiro novamente que a gente reúna aqui, pode ser hoje, amanhã ou depois. Vamos ao gabinete dele, uns vinte ou trinta lá, chegar com faixa e tudo e sacudir ele lá”, conclui o diretor do Sindireta.
Como resultado da reunião, as entidades decidiram protocolar pedido de audiência com Ibaneis na próxima semana. O governador terá prazo até o dia 14 de outubro para responder. Caso não sejam recebidos pelo chefe do Executivo distrital, os sindicalistas pretendem fazer barulho na porta do Palácio do Buriti em manifestação em uma data a ser marcada perto do Dia do Servidor Público.
O que dizem os envolvidos
Procurado para comentar as declarações, Negreiros afirmou que o encontro era privado e negou ter dado a sugestão. “Não tenho nada a declarar, isso não foi aprovado em reunião, não houve essa pauta”, disse.
Questionado sobre a declaração do diretor de relações intersindicais, o Sindireta afirmou que foram apenas comentários, mas que não resultaram em nenhum encaminhamento ou proposta formal na reunião.
“Foi só um comentário, não foi proposta, não foi encaminhamento, nada, não é a posição do sindicato e nem do próprio Negreiros”, afirmou o diretor para mobilização e assuntos parlamentares, Márcio Paiva, em nome de toda a entidade. “O SindMédico só empresta o auditório pra movimento sindical, também não tem relação com as declarações. São conversas vazias, não geram nada”, completou o diretor.