16/10/2021 às 07h30min - Atualizada em 16/10/2021 às 07h30min

Criminosos se passam por funcionários de sindicato para aplicar golpes no DF

Golpistas alegam ser do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) e pedem transferências bancárias em troca do pagamento de benefícios. Prática se tornou corriqueira, segundo diretora da entidade

O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) faz uma campanha de alerta a integrantes da categoria sobre um novo tipo de golpe. Estelionatários têm contatado sindicalizados e pedido depósitos em troca da liberação de benefícios em atraso, como precatórios e licenças-prêmio.
 
 
Geralmente, os golpistas entram em contato com as vítimas por aplicativos de mensagem e se passam por funcionários do Sinpro-DF. Uma das vítimas, que pediu para não ter o nome divulgado, tem 68 anos e passou por essa situação na segunda-feira (11/10).
 
Professora aposentada da Secretaria de Educação do DF, ela recebeu uma mensagem que mencionava o pagamento de licenças-prêmio. Ao Correio, a filha da servidora pública relatou — sob condição de anonimato — que a mãe acreditou no comunicado porque tinha processos relativos a vales-alimentação pendentes desde 1994.
 
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"Deram um número e falaram que ela conversaria com uma advogada, que explicaria a situação e passaria todas as informações. E ela (a vítima) ligou para essa advogada, que disse haver um precatório para minha mãe receber. Depois, disse que enviaria um boleto de R$ 4,5 mil, referente às custas do cartório", detalha a filha da professora.
 
Na ligação, os criminosos também avisaram que o contato do Sinpro-DF tem sido por telefone — não mais presencial — devido à pandemia da covid-19. "Isso desencorajou minha mãe a ir ao sindicato conferir (as informações)", relata a filha da vítima.
 
 
Para receber os precatórios, segundo os golpistas, a professora teria de pagar uma suposta guia do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), no valor de R$ 3,8 mil; uma referente ao "Imposto sobre Circulações de Valores Agregados (ICVA)" — taxa fictícia —, ao custo de R$ 3,6 mil; além de um boleto bancário de R$ 4,4 mil.
 
As quantias seriam a título de honorários advocatícios. A vítima efetuou os pagamentos e teve prejuízo de quase R$ 12 mil. Uma das integrantes da quadrilha pressionou a idosa para transferir os valores, sob risco de a professora perder o benefício.
 
"Ela (a estelionatária) falou que, se minha mãe depositasse na hora, o grupo conseguiria pegar o dinheiro no sindicato. Mas não sei o que deu nela, pois decidiu ir ao Sinpro-DF para conferir. Lá, outra senhora estava contando o mesmo caso, e um funcionário disse para elas registrarem boletim de ocorrência", conta a denunciante. Depois da orientação, ela e a mãe prestaram queixa na 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro Velho).
 
Confira os boletos enviados à vítima pelos golpistas para pagamento:
 
 
O que diz o Sinpro-DF?
Diretora da regional do Plano Piloto no Sinpro-DF, Rosilene Corrêa comentou que esses tipos de golpe são frequentes há cerca de cinco anos. O principal alvo são idosos aposentados. Além disso, a frequência do contato aumentou nos últimos três anos.
 
"Nesse período de pandemia, muita gente caiu no golpe, mas (algumas pessoas) ligam para nós primeiro, porque orientamos bastante sobre isso. Como temos uma demanda grande de ações (na Justiça), os golpistas se usam disso. Ligam falando que (a vítima) ganhou uma ação. Nesses casos, passam o nome certo do professor, o CPF, usam o nome dos nossos advogados. É tudo muito profissional", comenta Rosilene.
 
A diretora do sindicato orienta que os filiados procurem o Sinpro-DF antes de fazer quaisquer transferências bancárias. "A recomendação é: qualquer contato em nome do sindicato que envolva dinheiro, ligue para um diretor ou para a sede, para conferir a procedência. Mas a principal orientação é de não fazer depósito. Nós nunca pedimos depósitos", alerta
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