18/11/2021 às 07h29min - Atualizada em 18/11/2021 às 07h29min

Policial denuncia racismo ao ser proibido de entrar em banco no DF

O homem foi impedido de entrar na agência mesmo depois de se identificar como policial e correntista

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga uma denúncia de racismo que teve um dos membros da corporação como vítima. José Mendes registrou um boletim de ocorrência onde narra que foi proibido de entrar em uma agência do banco Santander, localizada no Guará I. O caso aconteceu em 11 de outubro.
 
De acordo com o B.O registrado na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), José procurou a instituição bancária para fazer um depósito. Ao chegar ao local, retirou a senha individualizada, para ser atendido, e caminhou para a porta de acesso. Nesse momento, o agente alegou que sua esposa, que é branca, entrou normalmente. Contudo, quando chegada a sua vez, a porta de acesso travou impedindo a entrada dele.
 
A vítima mencionou que se identificou como policial no momento em que a guarda informou que ele não poderia adentrar, pois deveria aguardar a autorização da central, que fica em São Paulo (SP). No entanto, o agente insistiu dizendo que era titular da conta e que sua esposa o estava esperando do lado de dentro.
 
Após perguntar para a esposa do policial se eles, de fato, eram casados, e receber confirmação, a guarda chamou o gerente e narrou os fatos. O funcionário da instituição, por sua vez, não se manifestou sobre a situação. Devido a inércia do gestor, José Mendes decidiu se identificar novamente como policial. Mesmo assim, o gerente o impediu de adentrar o estabelecimento, pois seguiria os protocolos do banco, e voltou a conversar com outras duas clientes.
 
Logo em seguida, chegou uma segunda gerente, que foi informada de todo ocorrido. Segundo consta no boletim de ocorrência, ela teria dito ao cliente “que a central iria avaliar a autorização de sua entrada e que, portanto, aguardasse”.
 
De acordo com o agente de polícia, a situação só foi resolvida no momento em que um outro policial, branco, chegou e certificou de que Mendes era mesmo um policial civil. Assim, os gerentes liberaram a entrada da vítima, que não teve mais de esperar a suposta liberação vinda de São Paulo.
 
Ainda de acordo com José, todos os gerentes envolvidos e os seguranças da porta de acesso estavam cientes do impedimento de sua entrada no banco. Ele afirma que se sentiu humilhado perante os presentes com todo ocorrido. Segundo ele, a situação só ocorreu em virtude da cor de sua pele.
 
Após a liberação de sua entrada, Mendes encaminhou-se à Decrin e detalhou os fatos à delegada chefe da especializada, Angela Santos. Após averiguar as imagens captadas por câmeras de segurança do banco, ficou comprovada a situação e uma apuração criminal instaurada.
 
“O fato foi registrado como discriminação racial pela lei do racismo, que é crime imprescritível e inafiançável, cuja pena pode chegar a três anos de reclusão. A vítima e a testemunha já foram ouvidas e a investigação prossegue buscando provas que possam elucidar a autoria a fim de responsabilizar os culpados”, afirma a delegada.
 
Procurado pela reportagem, o Santander afirma que “realiza procedimentos de segurança específicos para a entrada de clientes que se identificam como oficiais armados em suas agências. Este protocolo visa proteger clientes e colaboradores”. Além disso, ressalta que “no caso citado, a checagem da documentação demorou menos de 10 minutos, quando a entrada foi liberada. O Santander repudia qualquer ato discriminatório e afirma que não identificou, por parte de nenhum dos seus empregados ou colaboradores, qualquer atitude de cunho racista”.


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