17/01/2022 às 03h59min - Atualizada em 17/01/2022 às 03h59min

Meteoro em Minas: Morador viraliza ao lavar ‘fragmento’; dá pra vender? quanto custa?

BHAZ

Um morador do município de Iraí de Minas, no Triângulo Mineiro, movimentou as redes sociais nesse sábado (15) ao compartilhar uma foto do suposto meteorito – fragmento “sobrevivente” do meteoro – que teria caído na região na noite de sexta-feira (14). Nas imagens, ele aparece lavando o objeto com uma escova e detergente e depois o exibe, impressionado.
 
“‘Ó’ o sinal que ela derreteu com o calor, olha aqui! E outra coisa também, ela quebrou com a pancada, olha lá. Cabou de lavar ela”, narra o homem, que não se identifica. Depois que as imagens viralizaram, muita gente se perguntou se tocar objetos vindos do espaço é um risco para a saúde.
 
Ao BHAZ, o astrônomo Marcelo De Cicco, que coordena o projeto brasileiro de pesquisas de meteoros no Observatório Nacional, explica que o objeto não causa nenhum mal ao organismo humano, mas que o mais recomendado é levá-lo a um centro de pesquisas adequado.
 
“Não há perigo nenhum em pega-lo, é uma rocha comum. Mas não precisa lavar, o recomendado é cobri-lo e colocar dentro de um saco plástico. Quando a pessoa encontra um objeto que suspeita que seja um meteorito ela precisa entrar em contato com a universidade federal mais próxima, porque lá tem o setor de metalúrgica, o setor da área de química, que fazem o encaminhamento”, explica.
 

Quanto custa um meteoro?

Outra imagem que viralizou nesse sábado (15) é uma montagem que mostra o suposto meteorito sendo vendido por mais de R$ 15 mil em um site de compra e venda. Segundo o pesquisador Marcelo De Cicco, esse mercado é comum no Brasil, mas ao mesmo tempo ilegal.
 
“Eu sou uma das pessoas no Brasil que combate esse mercado de objetos científicos, mas tem gente até da área de ciências envolvido em compra e vendas de meteorito”, lamenta ele. Marcelo conta que fora do Brasil fragmentos de meteoritos são vendidos a milhares de dólares, o que explica o interesse pelo objeto.
 
“Existe um decreto no Brasil que todo objeto científico – o meteorito se enquadra nele – tem que ter autorização do Ministério de Ciência e Tecnologia pra sair do Brasil. Se não tiver, é considerado contrabando. Mas em geral ele vai escondido na roupa, por correio”, diz ele.
 
“Tem os meteoritos que são os mais comuns, eles alcançam até um valor baixo, mas tem alguns tipos com liga metálica que alcançam valores de milhares de dólares por grama. Também tem os meteoritos marcianos, que atingem valores altos. Varia muito no mercado e esses costumam ser anunciados de compra e venda”, acrescenta.
 

Valor científico

Marcelo explica que a maioria dos meteoritos é formada por um grãos de poeira e carbono. Já os mais raros podem ter uma formação de metais como de ferro e níquel. O que deve ser levado em conta, segundo o pesquisador, é o valor científico desses objetos.
 
“É muito mais estratégico você estudar um objeto que veio do espaço, do que mandar uma sonda para o espaço para estudá-lo, o que demanda muito mais tempo e dinheiro. Esses objetos são testemunhos do surgimento do sistema solar, são verdadeiros relógios arqueológicos, marcadores das transformações que o sistema solar vem passando”, explica.


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