12/02/2022 às 09h44min - Atualizada em 12/02/2022 às 09h44min

Quarta dose: até quando os reforços contra Covid serão necessários?

Doses de reforço são imprescindíveis para conter a circulação da Ômicron e para chegar a um patamar em que a doença se torne endêmica

Com a disseminação da variante Ômicron, que tem um potencial de transmissão e reinfecção maior, o reforço da vacina contra Covid-19 tornou-se ainda mais importantes. Especialistas indicam o fim da pandemia passa pela adesão da população às novas doses do imunizante.
 
Epidemiologista e professor do Departamento do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), Antônio Condino Neto diz que as doses de reforço farão parte do nosso cotidiano no futuro. “Sem elas é muito perigoso contrair a infeção e ter complicações”
 
De acordo com o especialista, a grande questão ainda é saber quantas serão necessárias até tornar a infecção endêmica. Na dúvida, o professor diz que três é melhor que duas, que é melhor que uma.
 
Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, descobriu que as doses de reforço foram eficazes contra a Covid-19 moderada e grave por cerca de dois meses após uma terceira dose. As informações foram publicadas nesta sexta-feira (11/2).
 
A pesquisa aponta que, durante o período predominante de Ômicron, a eficácia apresentada contra os atendimentos de urgência e as hospitalizações foi de 87% e 91%, respectivamente, durante dois meses após uma terceira dose e diminuiu para 66% e 78% no quarto mês.
 
O que se sabe sobre a aplicação da 4ª dose da vacina no Brasil
Professora do departamento de Microbiologia da USP, Cristiane Guzzo afirma que, provavelmente, as doses de reforço contra Covid-19 serão aplicadas a cada quatro ou seis meses até que a doença seja considerada endêmica.
 
Ao tomarmos a vacina, produzimos anticorpos e células de defesa que têm a capacidade de neutralizar a ação do vírus e diminuir a gravidade da doença. O problema, explica Guzzo, é que, ao longo do tempo, essa proteção diminui. “Ainda não sabemos precisar quantas doses serão necessários, o mais provável é que reforços periódicos sejam feitos”, afirma.
 
Existe limite para reforços?
De acordo com Guzzo, ainda não se sabe se haverá uma limitação para as doses de reforço. “Tomo duas de reforço? Três de reforço? Isso ainda não está claro, mas tudo indica que uma dose de reforço contra a Covid-19 será necessária a cada seis meses até que a gente tenha uma noção melhor de como estará a situação mundial em relação ao vírus”, explica.
 
Para ela, imaginar um “novo normal” depende da continuação da imunização. Além da proteção individual, as doses de reforço aliviam o sistema de saúde e diminuem o risco de surgimento de novas variantes.
 
“O novo normal vai ser o vírus andando por aí, causando alguns surtos, em que você vai ter restrições para não espalhar tanto, mas a vacina é essencial para não causar a superlotação das UTIs”, explica a professora.
 
Informações da Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido indicam que a imunidade obtida com os reforços vacinais pode diminuir ainda mais rápido com a Ômicron do que com a Delta. Com isso, também é provável que a proteção obtida pelas fórmulas originais diminua com cepas mais transmissíveis do Sars-CoV-2.
 
Impacto da Ômicron
Sempre que uma nova variante com alta taxa de transmissão aparecer, haverá preocupação sobre a necessidade de outras doses. Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), comenta que isso aconteceu com a Ômicron e com a Delta.
 
“Quando a Delta apareceu, o que a ciência e os ensaios em laboratório mostraram? Que precisávamos de um nível de anticorpos mais alto”, lembra a imunologista. “Com a Ômicron, uma variante mais adaptada, temos resultados mostrando que uma proteção adequada contra mortes e casos graves depende de reforço”.
 
Bravo destaca que é impossível prever os cenários futuros, pois tudo depende da evolução do vírus enquanto ele estiver circulando. Segundo ela, não está descartado que formulações específicas ainda tenham que ser produzidas. “Nós só evitaremos isso se tivermos grandes coberturas vacinais por todo o mundo uniformemente, pois cada variante é uma caixinha de surpresas”, afirma.


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