A partir desta segunda-feira (14), cerca de 75 mil estudantes em 81 escolas da rede pública do Distrito Federal terão contato pela primeira vez com o Novo Ensino Médio (NEM). Para implementá-lo, a Secretaria de Educação (SEE) propôs uma nova matriz curricular, composta pelas disciplinas tradicionais da Formação Geral Básica (FGB) e pelos itinerários formativos (IFs), que possuem eletivas a partir de áreas do conhecimento escolhidas pelo aluno.
O objetivo é estimular, desde o ensino médio, as aptidões dos alunos nas áreas que poderão seguir no futuro. Entre 2020 e 2021, o DF contou com essa modalidade em 12 unidades escolares-piloto, que aplicaram o formato para mais de seis mil alunos.
“As unidades escolares-piloto contribuíram para que nós fizéssemos os ajustes necessários ao plano de implementação”, explica a subsecretária de Educação Básica da Secretaria de Educação (SEE), Solange Foizer. “Ouvimos os estudantes e eles disseram que o Novo Ensino Médio está mais próximo da realidade deles, considerando que são protagonistas nas escolhas das eletivas e como vão continuar os seus estudos. A mudança vem ao encontro da terminalidade da educação básica, promovendo mudança significativa no currículo.”
Neste ano, todas as escolas contarão com um coordenador pedagógico específico para o modelo. Nas unidades em que o NEM ainda será aplicado, o formato vale apenas para os estudantes da primeira série. Alunos da segunda e da terceira séries utilizam a mesma matriz curricular estabelecida em 2014. As escolas que já aplicam o NEM dão continuidade às demais séries.
O que muda
Durante seis semestres dos três anos, os estudantes terão contato com as disciplinas da FGB e dos IFs. Biologia, física, química, arte e língua espanhola compõem a oferta A da FGB. Filosofia, geografia, história, sociologia e língua inglesa fazem parte da oferta do segundo semestre. Além dessas, língua portuguesa, matemática e educação física são matérias obrigatórias durante todo o período do NEM.
Já os itinerários formativos são atividades eletivas originadas da escuta aos estudantes e da contribuição dos profissionais da educação da rede pública e de agentes externos. Essas atividades nascem de quatro áreas de conhecimento: Ciências humanas e sociais aplicadas, Matemática e suas tecnologias, Linguagens e suas tecnologias e Ciências da natureza e suas tecnologias.
Cada escola pode ter diferentes atividades eletivas. No caso do CEM 01 do Guará, a decisão pelas eletivas que serão ofertadas nasceu de um estudo feito com os alunos do nono ano do ensino fundamental nos CEFs 01 e 02. “Fizemos uma pesquisa para ver a área de interesse deles e assim formamos o catálogo de itinerários formáticos”, relata a diretora da escola, Cynara Martins.
A habilidade do corpo docente também foi levada em consideração, assim como a formação contínua ofertada pela Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais de Educação (Eape). “Criamos eletivas que melhor se adequam ao nosso perfil profissional e acadêmico”, detalha o professor de sociologia e projeto de vida Norlan Silva. “Muitos [professores] têm especializações e cursos de pós-graduação [que ajudaram na decisão]. Vamos ampliar a diversidade de conteúdos, trazendo conceitos que vão além das disciplinas básicas. A grande mágica é que vamos presenciar uma escola com ações multidisciplinares”.
Como será?
Os itinerários formativos serão apresentados nas duas primeiras semanas de aula e podem ser diferentes em cada escola. A partir de março, os estudantes terão que escolher cinco atividades eletivas. Destas, duas são obrigatórias para a recomposição das aprendizagens durante a pandemia: linguagens e suas tecnologias (língua portuguesa e educação física) e matemática e suas tecnologias (matemática).
As aulas serão ofertadas sempre duas vezes por semana –terça e quinta ou quarta e sexta. Ao fim de cada semestre, o aluno poderá mudar a área de conhecimento escolhida após uma análise com a equipe de professores, orientadores e coordenadores. Consulte o catálogo de atividades eletivas.
Além disso, os alunos terão mais uma disciplina obrigatória que norteia o processo de escolhas – o projeto de vida, uma prática de autoconhecimento em que o aluno descobre suas habilidades. “Essa é uma eletiva obrigatória muito importante que vai tentar delinear, em função do desejo, as expectativas de formação profissional desse estudante a ser inserido no mercado de trabalho e das habilidades”, detalha o professor de sociologia João César de Macedo, que leciona no CEM 01 do Guará. “Isso vai facilitar a autonomia do estudante”.
Há a expectativa de que as mudanças implantadas pelo NEM tenham impacto no Programa de Avaliação Seriada (PAS) em 2023. Já o Exame do Ensino Médio (Enem) terá a primeira edição de 2024 levando o NEM em consideração. “Isso já está no nosso radar; temos professores que estão participando dos grupos tanto do PAS quanto do Enem”, avisa a subsecretária Solange Foizer.