04/03/2022 às 08h22min - Atualizada em 04/03/2022 às 08h22min

Líder do PCC, Marcola é transferido de penitenciária em Brasília

O detento foi transferido para Porto Velho e ficará na unidade de segurança máxima do governo federal em Rondônia

Líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, deixou a Penitenciária Federal de Brasília (PFBRA) nesta quinta-feira (3/3) e desembarcou em Porto Velho, Rondônia, por volta das 13h. A partir de agora, o detento ficará na unidade de segurança máxima do governo federal.
 
Marcola estava no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), na PFBRA, em São Sebastião, desde 22 de março de 2019. Antes chegar à capital federal, o líder da organização criminosa paulista já havia passado por Rondônia.
 
A chegada dele ao Presídio Federal de Brasília causou mal-estar entre o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e o governador Ibaneis Rocha (MDB). O chefe do Executivo local era vigorosamente contrário à permanência de lideranças de facções no Distrito Federal. À época, o emedebista mostrou-se preocupado com a segurança da capital da República, já que familiares e integrantes dos grupos criminosos se instalariam na cidade para ficarem mais perto de seus comandos.
 
Em declaração à coluna nesta quinta-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ressaltou que a transferência de Marcola do DF era uma das prioridades em sua gestão. “Todos sabem que eu nunca concordei com a permanência de líderes de facção na capital federal. Brasília não é melhor que qualquer outra cidade, mas temos características únicas no país, e isso tem que ser levado em consideração.
Desde o primeiro momento em que soube que Marcola estaria aqui, ainda como secretário de Segurança Pública do DF, fui contrário”, lembrou.
 
“Ao assumir o MJSP, comecei a tratar o tema como uma das minhas prioridades. Questões logísticas, operacionais e a própria pandemia fizeram com que isso não pudesse ser realizado de imediato. Hoje, após extensa análise de inteligência e minucioso planejamento operacional, finalizamos esse processo, que seguirá com outras lideranças pelo país afora, pois o rodízio dentre elas, nos mais variados presídios, é fator importante de segurança”, concluiu.
 
Líder
Marcola foi preso pela primeira vez pela polícia paulista, no fim da década de 1990, por roubos a carros-fortes e bancos. Já na prisão, também foi condenado por formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio.
 
Recentemente, a Justiça o condenou a 30 anos de prisão no processo da Operação Ethos, que investigou o setor jurídico da organização criminosa. Com essa decisão, o total das penas impostas a Marcola já ultrapassa 300 anos.
 
Para justificar a transferência de Marcola do presídio de Presidente Venceslau para Brasília, em 2019, promotores do Ministério Público de São Paulo afirmaram que o PCC planejava resgatá-lo.
 
De acordo com esses profissionais, foram desembolados dezenas de milhões de dólares no plano, investindo em logística, compra de veículos blindados, aeronaves, material bélico, armamento de guerra e treinamento de pessoal.
 
Em nota, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) disse que as transferências de presos “são medidas rotineiras no Sistema Penitenciário Federal e são efetivadas por indicação da inteligência penitenciária, atividade essencial para orientar a definição de estratégias de combate ao crime organizado”.
 
Leia a nota do Depen na íntegra:
“Nesta quinta-feira, 3 de março, o Departamento Penitenciário Nacional realizou a transferência do interno Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, que estava custodiado na Penitenciária Federal em Brasília.
O Sistema Penitenciário Federal (SPF) é referência no Brasil e no mundo pelo combate ao crime organizado, mediante isolamento de lideranças criminosas e presos de alta periculosidade, graças a um rigoroso e eficaz regime de execução penal.
Por razões de segurança, o Depen não informará a unidade de destino do preso transferido.
As transferências de presos são medidas rotineiras no SPF e são efetivadas por indicação da inteligência penitenciária, atividade essencial para orientar a definição de estratégias de combate ao crime organizado.
A operação envolve a atuação de outros órgãos de segurança integrantes da estrutura do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a saber: Secretaria Nacional de Segurança Pública, por meio da Força Nacional de Segurança Pública; Polícia Rodoviária Federal; e Polícia Federal.”


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