Preso na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, desde a última quinta-feira (3/3), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, está cada vez mais isolado do Primeiro Comando da Capital (PCC). À sua revelia, “generais” de confiança foram depostos e executados pela própria facção. O chefe da organização viu seu poder e influência evaporarem e novas lideranças surgirem.
Foi apurado que os assassinatos de Anselmo Fausta, o Cara Preta; de Antônio Corona Neto, o Sem Sangue; e de Cláudio Marcos de Almeida, o Django, todos do primeiro escalão do PCC, não ocorreram por acaso. Eliminados, os “generais” de Marcola não poderiam mais interferir na tomada de controle.
Marcola foi avisado com atraso sobre as execuções, ou seja, não participou das decisões. Exterminar os antigos chefes seria uma profilaxia interna da facção e uma forma de dar novos rumos para a organização. Teriam assumido o controle do PCC os traficantes Marcos Roberto de Almeida, 51 anos, o Tuta; e Valdeci Alves dos Santos, 50, conhecido como Colorido. Foragidos, a suspeita é que ambos estariam escondidos na Bolívia.
Informação extramuros
De acordo com levantamentos feitos pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), criminosos como Marcola nunca ficam tanto tempo encarcerados e sem o controle total das informações extramuros. Preso desde 2002, o maior criminoso do país ficou 1.415 dias na solitária e tem pena para cumprir até o ano de 2.276, após ser condenado a 330 anos de reclusão. A legislação brasileira permite que um sentenciado fique atrás das grades por até 30 anos.
Marcola deixou a Penitenciária Federal de Brasília (PFBRA) na última quinta-feira (3/3) e desembarcou em Porto Velho, Rondônia, por volta das 13h. A coluna teve acesso a fotos e vídeos que mostram o forte aparato montado para garantir a segurança da operação.
O líder do PCC estava algemado com as mãos para frente, calçava chinelos e vestia o uniforme usado pelos presos federais. Fortemente armados, agentes de execução penal federais escoltaram o 01 da maior facção criminosa do país até um furgão, que o levou até a aeronave.
Mal-estar
A chegada dele ao Presídio Federal de Brasília causou mal-estar entre o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e o governador Ibaneis Rocha (MDB). O chefe do Executivo local era contrário à permanência de lideranças de facções no Distrito Federal. À época, o emedebista mostrou-se preocupado com a segurança da capital da República, já que familiares e integrantes dos grupos criminosos se instalariam na cidade para ficarem mais perto de seus comandos.
Em declaração à coluna, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ressaltou que a transferência de Marcola do DF era uma das prioridades em sua gestão. “Todos sabem que eu nunca concordei com a permanência de líderes de facção na capital federal. Brasília não é melhor que qualquer outra cidade, mas temos características únicas no país, e isso tem que ser levado em consideração. Desde o primeiro momento em que soube que Marcola estaria aqui, ainda como secretário de Segurança Pública do DF, fui contrário”, lembrou.