Rio de Janeiro – A morte da bebê Maria Sofia da Silva Flora, de 1 ano e 10 meses, poderia ter sido evitada. É isso o que pensa a família paterna da menina, morta no dia 7 de fevereiro pela mãe, uma adolescente de 17 anos, e pelo padrasto, Mateus Monteiro do Nascimento, 20. Por mais de oito meses, o pai da menina tentou sem sucesso conquistar a guarda da criança.
O pai de Sofia, João Vitor Silva Flora, fez uma peregrinação em busca da ajuda de autoridades. Ele acionou os conselhos tutelares de Cabo Frio, de Arraial do Cabo e de Santa Cruz, além da Defensoria Pública de Arraial do Cabo. Embora tivessem atuado de diferentes maneiras, os órgãos não conseguiram mudar a situação da bebê.
A família paterna da menina contou ter recebido denúncias de maus-tratos contra a criança. O pai chegou a publicar materiais no Facebook.
No Facebook, o pai diz que os vizinhos contaram que Sofia estava sofrendo maus-tratos e que a cada dia aparecia com um machucado diferente e, inclusive, estava com o braço quebrado.
“Os vizinhos contaram que estavam procurando alguém da família para contar o que Sofia estava passando, pois não aguentavam mais ver o sofrimento da menina”, disse João Vitor no Facebook.
Desde julho do ano passado, o pai biológico e a avó paterna buscaram a menina em diversas partes do estado. A mãe e o padrasto mudavam de endereço constantemente, o que dificultava a localização da bebê.
“A gente estava procurando ela há oito meses. Nós recebíamos as denúncias e íamos onde sabíamos que ela estava. Não tivemos ajuda nenhuma, nem da defensoria e muito menos do conselho tutelar”, diz Romilda Nunes, avó paterna de Sofia.
Agora, a avó e o pai biológico da menina estão em busca de justiça.
“Hoje a gente quer justiça, mas quando soubemos dos primeiros episódios, só queríamos pegar a Sofia e cuidar dela”, concluiu.
A defensoria confirma que foi acionada e que inicialmente o pai fez a denúncia, mas não sabia onde a criança estava. Em novembro do ano passado, quatro meses depois, ele apresentou mais informações.
“Imediatamente (24 de novembro), foi formulado pedido para que a filha fosse reintegrada a seu convívio, até porque o acolhimento, por expressa disposição legal, é excepcional. O pedido, após manifestação contrária do Ministério Público, não foi imediatamente acolhido, tendo sido determinada análise mais aprofundada de toda a situação familiar (decisão de 7 de janeiro de 2022)”, explica.
O órgão afirma que “segue acompanhando o caso e está à disposição para quaisquer dúvidas”.
Relembre o caso
As investigações concluíram que Maria Sofia Flora teve traumatismo craniano encefálico, de acordo com o laudo de necropsia do Instituto Médico Legal (IML). A criança foi morta em 7 de fevereiro e teve morte encefálica causada pela síndrome do bebê sacudido, chamada de Shaken baby.
O inquérito da Polícia Civil sobre o caso foi divulgado na segunda-feira (7/3) e concluiu que a mãe e o padrasto foram os responsáveis pela morte da menina. Os dois foram presos na última sexta-feira (4/3) em Realengo, zona oeste da cidade.