12/03/2022 às 00h24min - Atualizada em 12/03/2022 às 00h24min

“Ferida da alma é a pior”, diz mulher atacada dentro de sexshop no DF

Dona do estabelecimento sofreu tentativa de estupro, mas conseguiu escapar. Ela precisou ser levada ao hospital para imobilizar pescoço

Vítima de tentativa de estupro dentro de um sexshop na tarde dessa quinta-feira (10/3) no Riacho Fundo II, a dona do estabelecimento, de 50 anos, usou as redes sociais para tranquilizar os amigos e conhecidos. “Queridos clientes, muito abalada ainda com o ocorrido, mas minha fé em Deus é maior que tudo”, disse a mulher, que terá a identidade preservada por motivos de segurança.
 
Apesar de não ter ferimentos graves, a empresária precisou ser levada ao hospital e teve o pescoço imobilizado, devido à brutalidade do ataque. A vítima disse que está muito abalada psicologicamente.
 
“Na medida do possível, estou bem, só com alguns hematomas. A ferida da alma é a pior”, escreveu a vítima.
 
Autor do ataque, o vigilante Jefferson Ribeiro Dias, 34 anos, acumulava dois inquéritos na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) justamente por estupro. O homem acabou morto após ser imobilizado por moradores da região, que impediram que o crime sexual fosse consumado.
 
O primeiro crime registrado contra Jefferson, em 2016, ocorreu na região do Gama. Já o segundo, em 2018, foi investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam II).
Imagens revelam momentos antes da morte de Jefferson, que era vigilante.
 
“Ele entrou consciente de que ia praticar o fato. Pediu para testar o produto, a moça entrou, ele foi atrás e atacou ela de forma muito violenta”, afirmou o delegado adjunto Lúcio Valente, da 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo I).
 
Após salvar a mulher da tentativa de estupro, um dos moradores da região imobilizou o vigilante pressionando o joelho sobre o pescoço do homem. Revoltado, ele ainda deu socos e cotoveladas no rosto e na cabeça do vigilante.
 
Boa parte dos populares que agrediram o homem já foi identificada e ouvida pela Polícia Civil. “As pessoas foram identificadas, algumas já foram ouvidas, mas temos que esperar o laudo para saber o que de fato causou a morte”, explica o delegado.
 
“As pessoas que agrediram incialmente entraram para salvar a mulher. Mas caso a morte tenha sido provocada por agressões após ele estar imobilizado, aí sim você pode imputar responsabilidade sobre elas, algo que chamamos de excesso em legítima defesa. Mas não podemos cravar nada ainda sem o laudo”, comenta Lúcio.
 
O caso
A proprietária do sexshop foi agredida ao reagir a uma tentativa de estupro. Homens que passavam pelo local presenciaram a situação e atacaram o criminoso. Jefferson acabou sofrendo uma parada cardiopulmonar e morreu.
 
As imagens mostram a mulher atendendo o suposto cliente, que pede um vibrador e vaginas de borracha. Ela entra por uma cortina na parte de trás da loja de lingeries, onde funciona o sexshop, para pegar os produtos. O suspeito olha ao redor, identifica que estão sozinhos e entra na área restrita aos funcionários.
 
Jefferson ataca a mulher, que reage e tenta sair do local. Ele a puxa pelos cabelos e tenta sufocá-la. Em um determinado momento, a vítima cai, o agressor fica em cima dela e, depois, arrasta a empresária pelos cabelos. A mulher grita e é sufocada com o golpe conhecido como “mata-leão”. Um morador ouve os pedidos de socorro, entra na loja e passa a agredir o suspeito, na tentativa de tirá-lo de cima da vítima. Outros três homens ajudam.


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