20/05/2017 às 05h56min - Atualizada em 20/05/2017 às 05h56min

Doadora que permitiu cirurgia em menino do DF é juíza no RJ

Os brasileiros têm direito a ter sua dignidade respeitada.

G 1
 

A doadora carioca, que permitiu a cirurgia para a retirada de uma bolsa de colostomia do menino Pedro, de 4 anos, que há quase dois anos esperava pelo procedimento no Hospital de Base de Brasília, revelou parte de sua identidade ao G1 nesta sexta-feira (19). Ela é juíza do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e disse ter insistido na doação porque "os brasileiros têm direito a ter sua dignidade respeitada". 

 

O grampeador linear usado para a cirurgia está em falta na rede pública de saúde do DF. Desde 2015 a família de Pedro lutava para que o equipamento – que permitiria a retirada da bolsa de colostomia – fosse adquirido. Mas mesmo com decisões judiciais favoráveis, o grampeador não foi comprado.

 

A juíza carioca soube da história do menino por meio de uma reportagem do G1 no dia 3 de maio passado. E enfrentou uma série de dificuldades para conseguir comprar o grampeador e entregá-lo ao hospital. A juíza chegou a ser ironizada pela ex-chefe de Medicina Cirúrgica do Hospital de Base de Brasília, Márcia Amorim, que não quis aceitar a ajuda e ainda perguntou à doadora "você vive em que planeta??".

 

Segundo a doadora "não fou um favor, mas um direito do menino". O grampeador linear custou R$ 878, bem menos que os R$ 1,5 mil cotados pela Secretaria de Saúde do DF, e foi entregue ao Hospital de Base na semana pasada. Nesta quinta-feira (18) Pedro foi submetido à cirurgia. Nesta sexta, Fabrício de Souza, pai do menino, disse que ele já está comendo, tomou café da manhã, uma sopa ao meio-dia e lanchou gelatina durante a tarde.

 

Pedro nasceu com uma malformação que obstruía o sistema digestivo. Em junho de 2015, com 2 anos, passou por uma cirurgia para a colocação de uma bolsa de colostomia, que deveria ter sido retirada cinco ou no máximo seis meses depois. Mas desde então a criança permaneceu com a bolsa junto ao corpo.

 

De acordo com a família, o menino cresceu sem poder participar de brincadeiras como um jogo de futebol, ou nadar em uma piscina. Na escola, chamava o pai para limpar a bolsa, com medo de que o cheiro das fezes recolhidas no coletor fosse sentido pelos colegas. Agora, a família espera uma vida normal para o menino que ainda não tem previsão de alta, mas se recupera bem.

 

A doadora carioca, que até então havia pedido total anonimato, permitiu ao G1 que revelasse sua profissão nessa sexta-feira, e mandou uma mensagem à família e a todos que torceram por um final feliz para Pedro.

 

"Hoje é um dia de muita alegria para o pequeno Pedro, e muita comemoração para os envolvidos nesse difícil processo de doação. Foi necessária muita insistência e a ajuda valiosa dos engajados profissionais de jornalismo envolvidos para que a doação fosse concretizada.

 

A sociedade brasileira precisa fortalecer a sua auto estima. A história do Pedro teve um final feliz, apesar de se passar num cenário de omissão por parte da Secretaria de Saúde, que nem proveu os recursos necessários a cirurgia voluntariamente, nem o fez após três ordens judiciais.

 

A Secretaria de Saúde alegava falta de verba para aquisição do grampeador linear; a médica responsável junto ao Hospital de Base debochou dos doadores; as ordens judiciais proferidas no processo do Pedro não foram cumpridas. Mas a sociedade fez valer o direito do pequeno Pedro, comprou e entregou o grampeador e impôs a realização da cirurgia.

 

É indispensável e urgente que a sociedade exija respeito a dignidade dos seus cidadãos. Precisamos saber que quando o Governo não cumpre suas obrigações, quando as decisões judiciais não são respeitadas, a força da sociedade civil não está fulminada. Não sejamos conformistas, pois a mudança é possível. A nova vida do Pedro legitima a força da sociedade civil de bem.

 

Os brasileiros têm direito a ter sua dignidade respeitada. O Pedro tinha direito a viver sem a bolsa de colostomia desnecessariamente mantida no seu corpo há dois anos. Não é um luxo. Não é favor. Era direito dele. Se a sociedade civil não insistir e lutar para fazer valer o direito a dignidade de UM, estará enfraquecendo o direito a dignidade de todos!"

 

 

A doadora carioca, que permitiu a cirurgia para a retirada de uma bolsa de colostomia do menino Pedro, de 4 anos, que há quase dois anos esperava pelo procedimento no Hospital de Base de Brasília, revelou parte de sua identidade ao G1 nesta sexta-feira (19). Ela é juíza do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e disse ter insistido na doação porque "os brasileiros têm direito a ter sua dignidade respeitada". 

 

O grampeador linear usado para a cirurgia está em falta na rede pública de saúde do DF. Desde 2015 a família de Pedro lutava para que o equipamento – que permitiria a retirada da bolsa de colostomia – fosse adquirido. Mas mesmo com decisões judiciais favoráveis, o grampeador não foi comprado.

 

A juíza carioca soube da história do menino por meio de uma reportagem do G1 no dia 3 de maio passado. E enfrentou uma série de dificuldades para conseguir comprar o grampeador e entregá-lo ao hospital. A juíza chegou a ser ironizada pela ex-chefe de Medicina Cirúrgica do Hospital de Base de Brasília, Márcia Amorim, que não quis aceitar a ajuda e ainda perguntou à doadora "você vive em que planeta??".

 

Segundo a doadora "não fou um favor, mas um direito do menino". O grampeador linear custou R$ 878, bem menos que os R$ 1,5 mil cotados pela Secretaria de Saúde do DF, e foi entregue ao Hospital de Base na semana pasada. Nesta quinta-feira (18) Pedro foi submetido à cirurgia. Nesta sexta, Fabrício de Souza, pai do menino, disse que ele já está comendo, tomou café da manhã, uma sopa ao meio-dia e lanchou gelatina durante a tarde.

 

Pedro nasceu com uma malformação que obstruía o sistema digestivo. Em junho de 2015, com 2 anos, passou por uma cirurgia para a colocação de uma bolsa de colostomia, que deveria ter sido retirada cinco ou no máximo seis meses depois. Mas desde então a criança permaneceu com a bolsa junto ao corpo.

 

De acordo com a família, o menino cresceu sem poder participar de brincadeiras como um jogo de futebol, ou nadar em uma piscina. Na escola, chamava o pai para limpar a bolsa, com medo de que o cheiro das fezes recolhidas no coletor fosse sentido pelos colegas. Agora, a família espera uma vida normal para o menino que ainda não tem previsão de alta, mas se recupera bem.

 

A doadora carioca, que até então havia pedido total anonimato, permitiu ao G1 que revelasse sua profissão nessa sexta-feira, e mandou uma mensagem à família e a todos que torceram por um final feliz para Pedro.

 

"Hoje é um dia de muita alegria para o pequeno Pedro, e muita comemoração para os envolvidos nesse difícil processo de doação. Foi necessária muita insistência e a ajuda valiosa dos engajados profissionais de jornalismo envolvidos para que a doação fosse concretizada.

 

A sociedade brasileira precisa fortalecer a sua auto estima. A história do Pedro teve um final feliz, apesar de se passar num cenário de omissão por parte da Secretaria de Saúde, que nem proveu os recursos necessários a cirurgia voluntariamente, nem o fez após três ordens judiciais.

 

A Secretaria de Saúde alegava falta de verba para aquisição do grampeador linear; a médica responsável junto ao Hospital de Base debochou dos doadores; as ordens judiciais proferidas no processo do Pedro não foram cumpridas. Mas a sociedade fez valer o direito do pequeno Pedro, comprou e entregou o grampeador e impôs a realização da cirurgia.

 

É indispensável e urgente que a sociedade exija respeito a dignidade dos seus cidadãos. Precisamos saber que quando o Governo não cumpre suas obrigações, quando as decisões judiciais não são respeitadas, a força da sociedade civil não está fulminada. Não sejamos conformistas, pois a mudança é possível. A nova vida do Pedro legitima a força da sociedade civil de bem.

 

Os brasileiros têm direito a ter sua dignidade respeitada. O Pedro tinha direito a viver sem a bolsa de colostomia desnecessariamente mantida no seu corpo há dois anos. Não é um luxo. Não é favor. Era direito dele. Se a sociedade civil não insistir e lutar para fazer valer o direito a dignidade de UM, estará enfraquecendo o direito a dignidade de todos!"


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