A ofensiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o Supremo Tribunal Federal, com a edição de um decreto de graça presidencial para anular decisão criminal da Corte, está animando sua militância a voltar às ruas para atacar o Judiciário. O objetivo dos bolsonaristas que convocam atos para o próximo dia 1º de maio é reviver as críticas ao Supremo que foram tema de grandes manifestações em 7 de setembro do ano passado, quando Bolsonaro chegou a ameaçar não cumprir ordens judiciais e grupos radicais tentaram entrar à força na Corte.
O episódio no feriado da Independência em 2021 foi sucedido por um recuo de Bolsonaro, que na época se reuniu com o ex-presidente Michel Temer (MDB) e divulgou carta alegando que às vezes fala “no calor do momento” e que nunca teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”. Esse recuo frustrou os bolsonaristas mais radicais, que chegaram a ensaiar um afastamento e externaram críticas ao presidente da República.
Com o fim definitivo da trégua, protagonistas dos atos de setembro passado se animam a retomar suas pautas. Por enquanto, o movimento Nas Ruas tem tomado a frente nas convocações para atos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Entre os “pesos pesados” do bolsonarismo, porém, a adesão a esses atos ainda não engrenou. Os filhos do presidente, por exemplo, não estão participando das convocações, por enquanto. A avaliação no núcleo duro do governo é de que não há segurança de que será possível reunir grandes multidões no Dia do Trabalhador e que, por enquanto, é melhor não tornar os atos um evento “oficial”.
Dos maiores influenciadores bolsonaristas, quem está engajado nas convocações são os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ). Zambelli divulgou vídeo em suas redes sociais dizendo que irá no ato na Avenida Paulista “pelo fim do autoritarismo do STF” e que “algumas atitudes não podem ser simplesmente aceitas, a gente precisa lutar”.
A mobilização buscava tirar a pauta radical do ostracismo em um momento no qual o governo se aproximava cada vez mais dos partidos do Centrão, movimento hoje consolidado.
Os manifestantes pediam a adoção do voto impresso e exigiam que fossem pautados pedidos de impeachment de ministros do STF. Na época, porém, fragilidades na organização e o momento da pandemia de coronavírus atrapalharam a mobilização, e os atos foram pequenos.
Nas semanas que antecederam o feriado na Independência no ano passado, Bolsonaro e seus militantes subiram o tom contra o STF, seus ministros, e também contra o Tribunal Superior Eleitoral e as urnas eletrônicas.