O presidente Jair Bolsonaro (PL) exonerou, na noite desta quarta-feira (29/6), o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. O ato foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
O decreto mostra que a exoneração ocorreu “a pedido” de Guimarães. Na mesma publicação, o chefe do Executivo federal nomeou Daniella Marques para assumir o comando do banco público. Ela era secretária de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia e considerada o “braço direito” do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Após a revelação do caso, Guimarães conversou ao menos duas vezes com Bolsonaro. Uma na noite de terça-feira (28/6), no Palácio da Alvorada, e outra na manhã desta quarta, no Palácio do Planalto.
Carta de demissão
Na tarde desta quarta, Pedro Guimarães escreveu uma carta na qual nega as denúncias, ressalta conquistas durante sua gestão e diz prezar pela “garantia da igualdade de gêneros” e pela “liderança feminina em todos os níveis da empresa”.
Ele estava à frente do banco desde o início do governo Bolsonaro, em 2019. Depois de as denúncias virem a público, a presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministra Ana Arraes, também determinou que a corte fiscalize os mecanismos de “prevenção e combate” ao assédio existente na Caixa Econômica Federal.
Denúncias de assédio sexual
Um grupo de funcionárias decidiu romper o silêncio e denunciar as situações pelas quais passaram. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.
Cinco concordaram em dar entrevistas para o colunista Rodrigo Rangel, desde que suas identidades fossem preservadas. Elas dizem que se sentiram abusadas por Pedro Guimarães em diferentes ocasiões, sempre durante compromissos de trabalho.
As mulheres relatam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites heterodoxos, incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e as funcionárias sob seu comando.
A iniciativa dessas mulheres levou à abertura de uma investigação, que está em andamento, sob sigilo, no Ministério Público Federal.