30/08/2022 às 06h49min - Atualizada em 30/08/2022 às 06h49min

PF se baseou só em reportagem para pedir operação contra empresários

Em representação ao STF, delegado da PF diz que operação era necessária para "esclarecimento" e "dissuasão desse tipo de conduta"

Na representação ao ministro do STF Alexandre de Moraes, a Polícia Federal deixou claro que se baseou apenas na reportagem do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, para defender a operação contra empresários bolsonaristas que teriam defendido um golpe de estado, em conversa num grupo de WhatsApp.
 
“Chegou ao conhecimento da Polícia Federal a notícia de uma orquestração de pessoas socioeconomicamente ativas (empresários de ramos distintos) no sentido de praticar crimes, dentre eles os tipos previstos nos arts. 288 e 359-L do Código Penal. Conforme divulgado em fontes abertas, vários empresários estariam participando de um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp para arquitetar uma ruptura do Estado democrático de direito indicando que ‘o golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo” e para incentivar a prática de ações violentas apoiando que “se for vencedor o lado que defendemos, o sangue das vítimas se tornam [sic] sangue de heróis!’.”, escreveu o delegado da PF Fábio Alvarez Shor, autor da representação.
 
 
Ao longo do texto, ao qual a coluna teve acesso, o delegado expõe uma série de prints revelados pela imprensa para sustentar a necessidade da operação contra os empresários. Ele diz que a operação era importante para “esclarecimento” e “dissuasão desse tipo de conduta”.
 
“Tais fatos, apesar de serem propalados por meio de aplicativos de mensagens, não podem ser desprezados pelo Estado. Como é sabido, mensagens de apoio a atos violentos, ruptura do Estado democrático de direito, ataques ou ameaças contra pessoas politicamente expostas têm um grande potencial de propagação entre os apoiadores mais radicais da ideologia dita conservadora”, diz o delegado.
 
Na representação, Fábio defendeu ainda que a operação contra os empresários bolsonaristas era necessária não só “pela gravidade dos fatos”, mas pela proximidade com as eleições presidenciais de outubro deste ano, quando há o “acirramento da polarização”.
 
Decisão de Moraes
Ao acatar o pedido da PF, Moraes também usa a reportagem como argumento principal. A correlação com outros possíveis fatos criminosos só é feita pelo juiz Airton Vieira, magistrado instrutor do gabinete de Moraes no STF, na longa manifestação sobre o caso.
 
Nas 121 páginas da manifestação, Vieira sustenta que provas indícios das investigações de inquéritos correlatos apontam para a existência real de um núcleo de financiamento de atos antidemocráticos e de produção de “notícias fraudulentas” por parte dos empresários.


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