O ministro Ricardo Lewandowski negou habeas corpus e manteve preso o procurador da República Ângelo Goulart Villela, detido na Operação Patmos. A decisão foi publicada ontem. Ele é acusado de passar informações confidenciais da Procuradoria-Geral da República ao empresário Joesley Batista. “O inquérito policial foi desmembrado e os autos foram remetidos ao TRF da 3ª Região, o que também torna este Tribunal incompetente para apreciar o feito, uma vez que a manutenção ou não da custódia deverá ser decidida pela Corte Regional”, explicou Lewandowski. O advogado brasiliense Willer Tomaz, que teria intermediado o acordo, também continua preso.
Investigação foca no núcleo técnico da Panatenaico
Depois do enfoque no núcleo político, a segunda etapa da Operação Panatenaico concentrou-se em dois servidores de carreira e com perfil técnico envolvidos na obra do Estádio Nacional. A Polícia Federal foi à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) em busca de provas contra os engenheiros Maruska Lima de Souza Holanda e Nilson Martorelli — ambos administraram a empresa durante a gestão de Agnelo Queiroz. O fato de Maruska ter participado da Comissão de Licitação que escolheu as empresas Andrade Gutierrez e Via Engenharia é citado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal. Nas casas dos engenheiros, a PF encontrou planilhas que podem ser indicativos de distribuição de propina.
Aditivos eram ralo de dinheiro
Uma das fontes de escoadouro de recursos públicos na obra do Estádio Nacional Mané Garrincha pode ter sido o grande número de aditivos assinados durante a execução do contrato. Inicialmente, o convênio previa o repasse de R$ 500 milhões da Terracap para a Novacap para construir a arena. O custo final foi mais de três vezes superior ao estimado. Uma das causas foi a assinatura de vários aditivos e de outros acordos, que permitiram a contratação de serviços que não estavam previstos originalmente. Segundo delações da Andrade Gutierrez, os supostos repasses de propina a Maruska ocorriam durante os aditamentos contratuais e eram feitos por Alberto Nolli, da Via Engenharia.
Quem é Pedro?
A decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira que autorizou a nova etapa da Operação Panatenaico, realizada ontem, trouxe um novo nome para o escândalo. O suposto operador de propina de Maruska Lima seria uma pessoa chamada Pedro. As investigações devem apontar quem era o homem que seria o intermediário da ex-presidente da Terracap e ex-diretora da Novacap.
Alvoroço na porta da PF
O empresário e ex-senador Valmir Amaral foi ontem à Superintendência da Polícia Federal. Seus gritos na porta do prédio despertaram a atenção de policiais e de vigilantes. Ex-operador do transporte público do Distrito Federal, Valmir queria fazer denúncias aos investigadores da Panatenaico e foi recebido para um depoimento. Como já havia feito na CPI do Transporte, ele afirmou ter pago propina durante a gestão de Agnelo Queiroz e de Tadeu Filippelli. Na época, os políticos atribuíram as denúncias ao inconformismo da família Amaral por ter sido alijada do sistema de ônibus da capital.
Pizzolato, o preso problema
Autorizado pelo STF a passar do regime fechado para o semiaberto, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no mensalão, é motivo de tensão tanto no sistema prisional quanto na Vara de Execuções Penais. Como ele foi extraditado da Itália, existe um receio constante na Procuradoria-Geral da República de possíveis violações ao acordo firmado com a Justiça italiana. Quando Pizzolato foi colocado em isolamento por faltas disciplinares, em janeiro, Rodrigo Janot chegou a questionar a execução da pena imposta ao ex-diretor do Banco do Brasil.
Sem salvo-conduto
A juíza Leila Cury, da VEP, reagiu à reprimenda da PGR. “O acordo de extradição mantido entre o Brasil e a Itália não pode servir de salvo-conduto para acobertar a prática de crime ou de falta disciplinar no âmbito administrativo e afastar as correspondentes sanções previstas na legislação pátria”, argumentou a juíza. Com a mudança para o semiaberto, Pizzolato será alocado na Ala C do Centro de Detenção Provisória (CPD) da Papuda, deixando a cela que divide com o senador cassado Luiz Estevão.