25/01/2023 às 08h01min - Atualizada em 25/01/2023 às 08h01min

Invasão em Brasília não é problema só do Brasil, diz presidente da Colômbia

'Há um problema internacional que são grupos de extrema-direita', disse Petro à BBC News Brasil

​Leandro Prazeres - Enviado especial da BBC
News Brasil a Buenos Aires
(crédito: Matias Martin Campaya/EPA-EFE/REX/Shutterstock)

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse nesta terça-feira (24/1) que os atos antidemocráticos registrados em Brasília no dia 8 de janeiro não são um problema restrito apenas ao Brasil, mas um fenômeno que acontece em escala global. Ele atribuiu a responsabilidade dos atos registrados no Brasil a grupos de extrema-direita.

"O problema é que não é (um problema) só do Brasil. Há um problema internacional que são grupos de extrema-direita, em escala global e americana, que rompeu com o pacto democrático", disse Petro à BBC News Brasil após uma entrevista coletiva durante a VII reunião de chefes de Estado da Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac), realizada nesta terça-feira (24/1), em Buenos Aires.

Petro se referiu à invasão das sedes dos Três Poderes por militantes bolsonaristas que protestavam contra a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando vândalos entraram no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) e destruíram móveis, equipamentos e danificaram obras de arte.

Petro disse que os grupos que atuaram no Brasil são inspirados em líderes fascistas como Adolf Hitler e Benito Mussolini e que atuam desrespeitando os resultados eleitorais e partindo para a ação direta.

"Eles não aceitam vitórias dos seus adversários e não acreditam que devam esperar pelas eleições. Em vez disso, querem derrubar governos, dar golpes de vários tipos e passar à violência e à ação direta como proclamaram seus inspiradores nos dias de Hitler e Mussolini", disse Petro.

O presidente colombiano demonstrou preocupação com a possibilidade de que atos como os que ocorreram no Brasil possam acontecer em outros países.

"Podem acontecer em qualquer parte. Esta é uma linha de conduta que tem sido ensinada por ideólogos internacionais. Ideólogos entre aspas porque, na realidade, são criminosos que têm um formato neste estilo para diversos países da América Latina", disse o presidente.

Petro não foi o único presidente a participar da Celac que reprovou os atos ocorridos no Brasil.

Durante seu discurso no evento, o presidente Alberto Fernández classificou o episódio como uma "loucura".

"Vimos, dias atrás, quando a loucura invadiu as ruas de Brasília, pouco tempo depois da posse do presidente Lula", disse Fernández.

Lula está em Buenos Aires desde o domingo (22/1) em sua primeira viagem internacional desde assumiu a Presidência da República em seu terceiro mandato, no início do ano.

Além de participar da Celac, Lula teve reuniões bilaterais com os presidentes Alberto Fernández e Miguel Díaz-Canel, de Cuba.

Após o encontro do presidente com o líder cubano, o ex-chanceler e atual assessor especial de Lula, Celso Amorim, disse aos jornalistas que a questão dos direitos humanos na ilha não foi abordada ao longo do encontro.
"Diretamente, não. Não fizemos nenhuma repreensão, não é papel do Brasil ficar fazendo repreensão", afirmou, perguntado pela reportagem da BBC News Brasil.

Na quarta-feira (25/1), Lula embarca para Montevidéu para uma reunião com o presidente do país, Luis Alberto Lacalle Pou, e com o ex-presidente José Mujica.


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