Monitoramento feito pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) constatou que Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, pressionou integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas da América do Sul, a executar um audacioso plano de resgate na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia.
Com objetivo de prevenir a tentativa, a Senappen montou operação de guerra, na quarta-feira (25/1), e transportou o preso, apontado como líder máximo do PCC, para a Penitenciária Federal de Brasília. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que a ação visa “garantir a segurança da sociedade”.
A Penitenciária Federal de Brasília é considerada pelas autoridades uma das mais seguras do país e a única unidade do tipo a contar com a proteção extra de uma “muralha” que cerca todo o complexo.
Marcola havia sido levado para Rondônia em março do ano passado, transferido da Penitenciária Federal de Brasília. À época, a remoção atendeu a um pedido do então governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) — atualmente afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), após os atos golpistas de 8 de janeiro, na capital do país.
O líder do PCC tinha passado pela Penitenciária Federal de Porto Velho em 2019. Marcola acumula condenações que somam mais de 300 anos.
Sequestro
Investigações conduzidas pela Senappen, junto à Polícia Federal (PF), revelam que uma das estratégias dos faccionados envolvia o sequestro de autoridades do sistema penitenciário federal para trocá-las por presos e, ainda, atentados contra instalações do órgão, para conseguir a soltura de criminosos detidos em penitenciárias federais.
Para viabilizar o plano, as lideranças do grupo usaram uma rede ilegal de comunicação, por meio de advogados – os profissionais transmitiam e entregavam mensagens dos detidos para criminosos fora da prisão envolvidos na tentativa de resgate e fuga.
Ao menos quatro advogados foram presos na Operação Anjo da Guarda, deflagrada em agosto de 2022. Para isso, os investigados se aproveitavam dos atendimentos e das visitas em parlatório, usando códigos que remetiam a situações jurídicas inexistentes.
“Missão suicida”
As apurações revelaram que integrantes do PCC elaboraram, ainda, outros dois planos para resgatar líderes da facção. Uma das estratégias da organização era considerada “missão suicida”.
Levantamento de inteligência mostrou que o primeiro plano, batizado de STF, consistia na invasão da Penitenciária Federal de Porto Velho. A facção teria montado um arsenal milionário, com armamento pesado, para destruir os muros do complexo.
A última opção seria a “missão suicida”. A ideia era que o próprio Marcola desse início a uma rebelião dentro do presídio federal e usasse um policial penal como refém.