30/05/2023 às 05h57min - Atualizada em 30/05/2023 às 05h57min

Lula: Venezuela é uma "democracia" e é alvo de "narrativa política"

Presidente brasileiro sai em defesa de Nicolás Maduro na véspera da reunião de cúpula que ocorrerá em Brasília. Maduro afirma que o país tem sofrido mais de 900 sanções, mas cresceu 15% em 2022

​(crédito: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que “a Venezuela está de volta”, em referência ao seu discurso da vitória, apontando que o vizinho sul-americano retorna aos fóruns internacionais no subcontinente. “Isso é importante nessa vinda, é o começo da volta do Maduro, o meu já foi há cinco meses atrás, e vai ser a volta da integração da América do Sul no encontro de amanhã” disse Lula em pronunciamento em conjunto com o colega venezuelano Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (29/05).

“Essa volta da relação do Brasil com a Venezuela é plena, nós sabemos da dívida da Venezuela e sabemos que tudo isso faz parte e vai fazer parte de um acordo que nós faremos”, disse o presidente sobre a retomada das relações diplomáticas entre os dois países e apontando que a questão da dívida do vizinho com o Brasil deve ser solucionada.

Lula disse que a Venezuela é uma "democracia" e que entende que as versões diferentes são uma "narrativa política" dos inimigos do país vizinho. “Eu briguei muito com companheiros social-democratas europeus que defendem a democracia e que não entendiam que a Venezuela é uma democracia”, disse Lula ao lado do colega venezuelano.
 
Para Maduro, seu país está vivendo uma guerra econômica com mais de 900 sanções impostas, mas ressaltou que apesar disso a Venezuela cresceu 15% em 2022 e tem uma expectativa de crescimento de 5% em 2023. Maduro reforçou que as acusações de falta de democracia fazem parte de uma campanha contra seu regime. “A Venezuela tem sido vítima de uma campanha feroz pelos meios tradicionais e pelas redes sociais, tentaram me assassinar em 2018, e em 2019 implementaram uma autoridade paralela em meu país” disse Maduro em relação ao governo paralelo de Juan Guaidó.

Maduro chegou ao Brasil na noite deste domingo (28/05), para participar dos encontros com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e da cúpula de chefes de estado da América do Sul desta terça-feira (30/05), uma tentativa de Lula de reativar a Unasul (União de Nações Sul-americanas).

O venezuelano foi o primeiro a chegar ao país para realizar esse encontro com Lula, na manhã desta segunda-feira (29/05). Após o encontro, Lula e Maduro seguiram para o Palácio do Itamaraty para participar de um almoço oferecido em homenagem ao chefe de Estado venezuelano.

Retorno
Com a recepção para um chefe de Estado, Maduro retorna pela primeira vez ao Brasil desde 2015, quando esteve presente à cerimônia de posse do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), forte crítico do regime de Maduro, o Brasil rompeu as relações diplomáticas com o governo do país vizinho e reconheceu oficialmente o governo do opositor, o autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaidó.

Desde então a presença do Maduro e de outras autoridades do país vizinho não era permitida desde agosto de 2019, quando uma portaria editada por Bolsonaro proibia o ingresso do venezuelano em território brasileiro.
Retiro da Unasul

O encontro desta terça-feira entre os 12 chefes de Estado deve acontecer de forma mais reservada, com delegações reduzidas — estarão na sala apenas os presidentes, seus chanceleres e alguns assessores —, a ideia do encontro proposto por Lula é que os países possam discutir com franqueza os problemas comuns

Para o Itamaraty, os principais objetivos do encontro são "retomar o diálogo" para buscar uma "visão comum" e estabelecer uma agenda de cooperação em questões como saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente e combate ao crime organizado, além de buscar um caminho para um novo mecanismo de integração sul-americana.

O encontro também marca a estratégia de Lula de resgatar a entidade multilateral sul-americana, que segundo o Itamaraty, será sem viés ideológico. "Nós temos a consciência de que há diferenças de visão entre os vários países, diferenças ideológicas, e, por isso mesmo, consideramos um começo: que os países se sentem à mesa e dialoguem, busquem pontos em comum para retomar esse movimento tão importante", disse a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan.

 
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