O presidente do Superior Tribunal Militar, Francisco Joseli Camelo, pediu “muito cuidado” na análise do caso envolvendo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, o tenente-coronel era um “muro das lamentações” para bolsonaristas inconformados com o resultado da eleição.
Investigadores da Polícia Federal encontraram no celular de Cid um “guia” para aplicar um golpe de Estado no Brasil no final de 2022. A corporação também localizou no aparelho a minuta de um texto sobre a declaração de estado de sítio e uma série de diálogos de teor golpista mantidos em 2022 com o coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército.
“Ele não foi ainda denunciado, está preso aguardando um posicionanento do Ministério Público. Ele será julgado e só após o trânsito em julgado é que haverá um processo [militar], havendo condenação a mais de dois anos. Temos um longo caminho, e a gente não deve colocar o carro na frente dos bois”, disse Camelo em entrevista à GloboNews.
Segundo o ministro, caso Cid seja condenado pela Jusitça comum, haverá uma nova análise na esfera militar, a fim de definir se está caracterizada a “indignidade” para seguir no oficialato.
“Aí será um julgamento em que os ministros vão dar o direito ao contraditório, à defesa. Vamos levar em conta todo o seu período em que esteve na vida militar.”
Camelo afirmou, ainda, que “tratar de um golpe é muito grave”, mas ponderou que “o ajudante de ordens de uma autoridade acaba vestindo aquela camisa da autoridade e quer ter uma proteção da autoridade”.
“Como está muito próximo, acaba sendo um muro das lamentações”, prosseguiu. “Aqueles que não ficaram satisfeitos com o resultado da eleição procuram alguém que possa ter uma influência para ver se conseguem o contrário do que aconteceu. E o coronel Cid era esse muro das lamentações.”