Dando sequência a cruzada de sempre, Gilmar tenta inverter o jogo e pôr o Ministério Público no banco dos réus. Ele acusa os procuradores de legislar criando punições e benefícios legais não previstos em lei. Rodrigo Janot esperava o ataque e fez uma defesa preventiva. Disse, por exemplo, que estava se tentando contra as delações um salto triplo mortal de costas.
Gilmar pegou pesado, fez acusações, enfim, marcou posição. Sabe, como aqui antecipou Helena Chagas, não ter maioria para vencer a batalha. Atirou e saiu de cena. Sem ele no plenário, seus colegas, o decano Celso de Mello à frente, baixaram a sua bola.
A divergência virou uma platitude. Alexandre de Moraes, por exemplo, defendeu que, quando no julgamento do que for apurado com as revelações dos delatores, os juízes do Supremo avaliem a consistência e validade das provas. Evidente que ninguém pode ser condenado com provas inconsistentes e inválidas.
Apenas dois votos foram formalizados, o do relator Edson Fachin e o do próprio Alexandre de Moraes, nessa quarta-feira (21). Ambos favoráveis a que tudo continue como está e a Lava Jato e outras investigações, baseadas em delações premiadas, sigam adiante. A tendência é que isso seja confirmado nessa quinta-feira pelo plenário por ampla maioria.